sábado, 10 de abril de 2010

O Papa e a Pedofilia.



O jornal New York Times, em 25 de março, acusou o cardeal Joseph Ratzinger,agora Papa Bento XVI, de intervir para impedir que um padre, LawrenceMurphy, enfrentasse sanções para os casos de abuso sexual de menores.
A história é falsa. É suportado por sua própria documentação. Na verdade, ela dá todos os indícios de fazer parte de uma campanha coordenada contra oPapa Bento XVI, ao invés de jornalismo responsável.Antes de abordar o fundo falso da história, as seguintes circunstâncias são dignas de nota:

• A história do New York Times teve duas fontes. Primeira, advogados que atualmente têm ação civil pendente contra a Arquidiocese de Milwaukee. Umdos advogados, Jeffrey Anderson, também tem casos pendentes no SupremoTribunal dos Estados Unidos contra a Santa Sé. Ele tem um direto interessefinanceiro na matéria que está sendo relatada.

• A segunda fonte foi o arcebispo Rembert Weakland, arcebispo emérito de
Milwaukee. Ele é o bispo mais desacreditado e desonrado nos Estados Unidos,conhecido por descuidar de casos de abuso sexual durante sua posse, eculpado de usar $ 450.000 de fundos arquidiocesanos para pagar suborno a umex-amante homossexual que lhe estava chantageando. O arcebispo Weaklandtinha a responsabilidade pelo caso de padre Murphy entre 1977 e 1998,quando o padre Murphy morreu. Ele estava amargurado que a sua máadministração da Arquidiocese de Milwaukee lhe valeu o desagrado do PapaJoão Paulo II e Joseph Ratzinger, muito antes de ter sido revelado que eletinha usado o dinheiro dos paroquianos para pagar seu amante clandestino.Ele é prima facie, não uma fonte confiável.

• Laurie Goodstein, a autora da história do New York Times, teve uma
história recente com o arcebispo Weakland. No ano passado, após olançamento da autobiografia do infeliz arcebispo, ela escreveu uma históriainvulgarmente simpática que enterrou todas as acusações mais graves contraele (New York Times – 14 de maior de 2009).

• Uma demonstração ocorreu em Roma na sexta-feira, coincidindo com a
publicação da história do New York Times. Alguém poderia perguntar se seriacoincidência que ativistas americanos em Roma estivessem distribuindo osmesmos documentos referidos naquele dia no New York Times. A aparência aquié de uma campanha coordenada, ao invés de relatórios desinteressados.

É possível que más fontes possam providenciar a verdade. Mas fontes
comprometidas pedem por um maior controle. Em vez de um maior controle dahistória original, no entanto, os editores de notícias de todo o mundosimplesmente repetiram o New York Times. O que nos leva ao problema maisfundamental: a história não é verdadeira, segundo a sua própriadocumentação.

O New York Times disponibiliza em seu próprio site a documentação de apoio
para a história. Nesses documentos, o próprio cardeal Ratzinger não tomaqualquer decisão que, alegadamente, frustra o julgamento. As cartas sãodirigidas a ele; as respostas vêm de seu vice. Mesmo deixando isso de lado,porém, a acusação aqui – de que o escritório do cardeal Ratzinger impediualguma investigação – está provada ser totalmente falsa.

Os documentos mostram que o processo penal ou processo canônico contra o
padre Murphy nunca foi interrompido por ninguém. Na verdade, ele só foiabandonado dias antes do padre Murphy morrer. O cardeal Ratzinger nuncatomou uma decisão sobre o caso, de acordo com os documentos. Seu vice, oarcebispo Tarcisio Bertone, sugeriu que, já que o padre Murphy estava com asaúde debilitada e um julgamento canônico seria um assunto complicado, omais correto seria removê-lo de todo o ministério.

Repetindo: a acusação de que o cardeal Ratzinger alguma coisa errada não é
suportada pela documentação em que a história foi baseada. Ele não apareceno registro como tomando qualquer decisão. Seu escritório, na pessoa do seuvice, Dom Bertone, concordou que deve haver um completo julgamentocanônico. Quando se tornou evidente que o padre Murphy estava com a saúdedebilitada, Dom Bertone sugeriu que o mais correto seria removê-lo de todoo ministério.

Além disso, segundo o direito canônico na época, a principal
responsabilidade de casos de abuso sexual ficava com o bispo local. Oarcebispo Weakland tinha, a partir de 1977, a responsabilidade deadministrar as sanções ao padre Murphy. Ele não fez nada até 1996. Foinesse momento que o gabinete do Cardeal Ratzinger se envolveu, e,posteriormente, não fez nada para impedir o processo local.

O New York Times conta a história errada, segundo a sua própria evidência.
Os leitores podem querer especular sobre o motivo.

Aqui está o cronograma dos fatos mais relevantes, extraídos dos documentos do New York Times postados em seu próprio site.

15 de maio de 1974
É alegado um abuso pelo padre Lawrence Murphy por um ex-aluno da Escola
para Surdos de S. João em Milwaukee. Na verdade, as acusações contra oPadre Murphy remontam há mais de uma década.

12 de setembro de 1974
É concedido ao padre Murphy uma “licença para tratamento de saúde” oficial
da Escola para Surdos de S. João. Ele deixa Milwaukee, Wisconsin e muda-separa o norte, na Diocese do Superior, onde ele mora numa casa de famíliacom sua mãe. Ele não tem atribuição oficial a partir deste ponto até a suamorte em 1998. Ele não volta a viver em Milwaukee. Nenhuma sanção canônicaé exercida contra ele.

9 de julho de 1980
Funcionários da Diocese do Superior escrevem aos funcionários da
Arquidiocese de Milwaukee sobre que ministério o padre Murphy poderia fazerno Superior. O arcebispo Rembert Weakland, arcebispo de Milwaukee desde1977, foi consultado e disse que seria prudente ter o padre Murphy de voltapara o ministério com a comunidade surda. Não há indicação de que oarcebispo Weakland prevê outras medidas a serem tomadas no caso.

17 de julho de 1996
Mais de 20 anos após as alegações de abusos originais, o arcebispo Weakland
escreve ao cardeal Ratzinger, afirmando que só agora ele descobriu que oabuso sexual do padre Murphy envolvia o sacramento da confissão – um crimecanônico ainda mais graves. As acusações sobre o abuso do sacramento daconfissão estavam nas alegações de 1974. A esta altura, Weakland já haviasido arcebispo de Milwaukee por 19 anos.
Deve-se notar que, com relação a acusações de abusos sexuais, o arcebispo
Weakland poderia ter procedido contra o padre Murphy a qualquer momento. Aquestão da solicitação no sacramento da confissão requereu notificar Roma,mas que também poderia ter sido feito nos anos 1970.

10 de setembro de 1996
O padre Murphy é notificado de que um processo canônico irá proceder contra
ele. Até 2001, o bispo local tinha autoridade para agir em tais assuntos. AArquidiocese de Milwaukee vai agora começar o julgamento. É de salientarque, neste momento, nenhuma resposta foi recebida em Roma, indicando que oarcebispo Weakland sabia que ele tinha autoridade para prosseguir.

24 de março de 1997
O Arcebispo Tarcisio Bertone, secretário adjunto do cardeal Ratzinger na Congregação para a Doutrina da Fé, aconselha um processo canônico contra opadre Murphy.

14 de maio de 1997
O arcebispo Weakland escreve ao arcebispo Bertone para dizer que o processo
penal contra o padre Murphy foi lançado, e observa que a Congregação para aDoutrina da Fé aconselhou-o a prosseguir, mesmo que o estatuto delimitações expire. Na verdade, não existe estatuto de limitações para asolicitação no sacramento da confissão.
Durante todo o resto de 1997, a fase preparatória do processo penal ou
processo canônico está em andamento. Em 5 de Janeiro de 1998, o Tribunal daArquidiocese de Milwaukee diz que um processo acelerado deve ser concluídodentro de poucos meses.
12 de janeiro de 1998

O padre Murphy, agora menos de oito meses de sua morte, apela para o
cardeal Ratzinger que, dada a sua saúde frágil, ele deve ser autorizado aviver os seus dias em paz.

6 de abril de 1998
O arcebispo Bertone, observando a saúde frágil do padre Murphy e que não
houve novas acusações em quase 25 anos, recomenda a utilização de medidaspastorais para garantir que o padre Murphy não exerça ministério, mas sema acusação completa de um processo penal. É apenas uma sugestão, como obispo local mantém o controle.

13 de maio de 1998
O Bispo do Superior, onde o processo foi transferido para e onde o padre
Murphy tem vivido desde 1974, rejeita a sugestão de medidas pastorais.Inicia-se um julgamento pré-formal em 15 de maio de 1998, continuando oprocesso já iniciado com a notificação de que tinha sido emitida emsetembro de 1996.30 de maio de 1998

O arcebispo Weakland, que está em Roma, reúne-se com os membros na Congregação da Doutrina da Fé, incluindo o arcebispo Bertone, mas nãoincluindo o cardeal Ratzinger, para discutir o caso. O processo penal estáem curso. Nenhuma decisão é tomada para pará-lo, mas dadas as dificuldadesde um julgamento depois de 25 anos, outras opções são exploradas que iriamremover mais rapidamente o padre Murphy do ministério.

19 de agosto de 1998
O arcebispo Weakland escreve que ele parou o processo canônico e o processo
penal contra o padre Murphy e foi imediatamente iniciado o processo paratirá-lo do ministério – uma opção mais rápida.

1 de agosto de 1998
Morre o padre Murphy. Sua família desafia as ordens do arcebispo Weakland
para um funeral discreto.
- O padre Raymond J. de Souza é um capelão na Queen’s University, em
Ontário

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