terça-feira, 23 de novembro de 2010

* Igreja “liberou” preservativo? Não! Veja o que o papa REALMENTE DISSE.

novembro 21st, 2010


Bento XVI  disse que preservativo é aceitável "em certos casos"

(a outra parte da notícia que não foi contada…)
Tendo em conta a habitual ignorância e má-fé da imprensa secular ao noticiar fatos relevantes da vida da Igreja, apresentamos abaixo a íntegra da resposta do Papa Bento XVI sobre o uso de preservativos, em outro livro-entrevista de Peter Seewald.

***

“Em África, Vossa Santidade afirmou que a doutrina tradicional da Igreja tinha revelado ser o caminho mais seguro para conter a propagação da SIDA/AIDS. Os críticos, provenientes também da Igreja, dizem, pelo contrário, que é uma loucura proibir a utilização de preservativos a uma população ameaçada pela SIDA/AIDS.”

«Em termos jornalísticos, a viagem a África foi totalmente ofuscada por uma única frase. Perguntaram-me porque é que, no domínio da SIDA/AIDS, a Igreja Católica assume uma posição irrealista e sem efeito – uma pergunta que considerei realmente provocatória, porque ela faz mais do que todos os outros. E mantenho o que disse. Faz mais porque é a única instituição que está muito próxima e muito concretamente junto das pessoas, agindo preventivamente, educando, ajudando, aconselhando, acompanhando. Faz mais porque trata como mais ninguém tantos doentes com sida e, em especial, crianças doentes com sida. Pude visitar uma dessas unidades hospitalares e falar com os doentes.

Essa foi a verdadeira resposta: a Igreja faz mais do que os outros porque não se limita a falar da tribuna que é o jornal, mas ajuda as irmãs e os irmãos no terreno. Não tinha, nesse contexto, dado a minha opinião em geral quanto à questão dos preservativos, mas apenas dito – e foi isso que provocou um grande escândalo – que não se pode resolver o problema com a distribuição de preservativos. É preciso fazer muito mais. Temos de estar próximos das pessoas, orientá-las, ajudá-las; e isso quer antes, quer depois de uma doença.

Efectivamente, acontece que, onde quer que alguém queira obter preservativos, eles existem. Só que isso, por si só, não resolve o assunto. Tem de se fazer mais.Desenvolveu-se entretanto, precisamente no domínio secular, a chamada teoria ABC, que defende “Abstinence – Be faithful – Condom” (“Abstinência – Fidelidade – Preservativo”), sendo que o preservativo só deve ser entendido como uma alternativa quando os outros dois não resultam. Ou seja, a mera fixação no preservativo significa uma banalização da sexualidade, e é precisamente esse o motivo perigoso pelo qual tantas pessoas já não encontram na sexualidade a expressão do seu amor, mas antes e apenas uma espécie de droga que administram a si próprias. É por isso que o combate contra a banalização da sexualidade também faz parte da luta para que ela seja valorizada positivamente e o seu efeito positivo se possa desenvolver no todo do ser pessoa.

Pode haver casos pontuais, justificados, como por exemplo a utilização do preservativo por um prostituto, em que a utilização do preservativo possa ser um primeiro passo para a moralização, uma primeira parcela de responsabilidade para voltar a desenvolver a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer. Não é, contudo, a forma apropriada para controlar o mal causado pela infecção por VIH/HIV. Essa tem, realmente, de residir na humanização da sexualidade.»

“Quer isso dizer que, em princípio, a Igreja Católica não é contra a utilização de preservativos?”

«É evidente que ela não a considera uma solução verdadeira e moral. Num ou noutro caso, embora seja utilizado para diminuir o risco de contágio, o preservativo pode ser um primeiro passo na direcção de uma sexualidade vivida de outro modo, mais humana.»

In Bento XVI, Luz do Mundo – O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos – Uma conversa com Peter Seewald, Lucerna, 2010

Papa e camisinha: não há "mudança revolucionária", diz Vaticano

Leonardo Meira
Da Redação, com Rádio Vaticano (em italiano - tradução de CN Notícias)


Montagem sobre fotos / Arquivo e AP
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, esclarece fala de Bento XVI. Abaixo, capa do novo livro de entrevistas com o Papa
O Papa não provocou transformações radicais na doutrina católica com as declarações sobre o uso de preservativos, que fazem parte do livro-entrevista que recolhe as conversas com o jornalista e escritor alemão Peter Seewald.

Na obra Luce del mondo. Il Papa, la Chiesa e i segni dei tempi (Luz do mundo. O Papa, a Igreja e os sinais dos tempos, em livre tradução) - que será apresentada em coletiva nesta terça-feira, 23 -, o Pontífice explica que "pode haver casos individuais justificados" para o uso do preservativo, exemplificando com o caso da prostituta que recorre ao material.

"Esse pode ser o primeiro passo rumo a uma moralização, um primeiro ato de responsabilidade para desenvolver de novo a consciência do fato de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer. No entanto, essa não é a maneira verdadeira e adequada para vencer a infecção do HIV. É verdadeiramente necessária uma humanização da sexualidade", afirma o Papa no livro.

Acesse
.: Nota de padre Lombardi acerca de declaração do Papa sobre camisinha

.: Confira trechos do novo livro do Papa Bento XVI

A fala do Santo Padre provocou agitação em determinados setores, especialmente devido às interpretações feitas por alguns veículos de comunicação de que a declaração representaria um afrouxamento da doutrina católica nessa área.

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, emitiu uma nota oficial em que precisa:

"O Papa reafirma que 'naturalmente a Igreja não considera os preservativos como a solução autêntica e moral' do problema da Aids. Com isso, não reforma ou transforma o ensinamento da Igreja, mas o reafirma colocando-se na perspectiva do valor e da dignidade da sexualidade humana como expressão de amor e responsabilidade".

No entanto, a visão ampla e profunda do Pontífice sobre a sexualidade humana também leva em consideração a situação excepcional em que o exercício da sexualidade represente um verdadeiro risco para a vida do outro.

"Em tal caso, o Papa não justifica moralmente o exercício desordenado da sexualidade, mas considera que o uso do preservativo para diminuir o perigo de contágio seja 'um primeiro ato de responsabilidade', 'um primeiro passo no caminho rumo a uma sexualidade mais humana', muito mais que o não uso expondo o outro ao risco de vida. Em si, o raciocínio do Papa não pode ser certamente definido como uma mudança revolucionária. Numerosos teólogos morais e relevantes personalidades eclesiásticas sustentaram e sustentam posições análogas; é verdade, todavia, que não a tínhamos ainda escutado com tanta clareza da boca de um Papa, ainda que de uma forma coloquial e não magisterial", complementa Lombardi.


Polêmica

O trecho que suscitou as polêmicas e interpretações equivocadas é este:

"A sexualidade

Concentrar-se somente no preservativo significa banalizar a sexualidade, e essa banalização é precisamente a perigosa razão pela qual tantas e tantas pessoas não veem na sexualidade mais a expressão do seu amor, mas apenas uma espécie de droga, que administram por si só. Por isso, também a luta contra a banalização da sexualidade é parte do grande esforço para que a sexualidade seja valorizada positivamente e possa exercer o seu efeito positivo sobre o ser humano em sua totalidade.

Pode haver casos individuais justificados, por exemplo, quando uma prostituta usa um preservativo, e esse pode ser o primeiro passo rumo a uma moralização, um primeiro ato de responsabilidade para desenvolver de novo a consciência do fato de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer. No entanto, essa não é a maneira verdadeira e adequada para vencer a infecção do HIV. É verdadeiramente necessária uma humanização da sexualidade".

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