Pablo Ginés/ReL
Foi bruxa por quinze anos, mas as novelas de terror e um super-herói católico a levaram à Igreja
Tudo começou com um livro da seção de Astrologia e terminou com um jogo de RPG: o personagem de Rondador Noturno lhe deu a chave.
Libby Edwards é uma mulher que nasceu no Halloween e foi, desde os 20 aos 35 anos, neo-pagã e bruxa. Realizava rituais, organizava eventos pagãos e praticava talentos “ocultos” (no sentido de sobre-naturais): “Eu parecia ter um dom particular para a adivinhação e o trato com os mortos, e aprendi a curar e a maldizer, mesmo que decididamente tinha mais êxito com o segundo que com o primeiro”.
Como chegou a isso? Pelos livros. E como saiu dali? Pelas novelas, os quadrinhos, os jogos de RPG e a graça de Deus, “que veio para buscar-me onde eu estava”.
Uma jovem sem igreja
Libby nasceu nos Estados Unidos em uma família de cultura protestante. Quando a família se mudou para Carolina do Norte, tendo ela 8 anos, adotou o mormonismo, devido à calorosa acolhida de uma comunidade mórmon do lugar. Mas com o passar do tempo, quando ela já era estudante, sua família não era praticante. “Eu era a típica adolescente sem igreja, mais interessada em gostar de pessoas do que em cultivar uma relação com Deus”, recorda.
Tinha amigos cristãos e durante um tempo saiu com um noivo protestante, da ‘Church of God’. Ela evidenciava um certo interesse pelo espiritual e algumas vezes ia às igrejas de seus amigos se a convidavam.
Com o catolicismo tinha então só dois laços: as novelas e películas de terror, como ‘O Exorcista’, e uma família de conhecidos, bastante tíbios mas que a fascinavam igualmente, porque “tinham uma gaveta cheia de rosários que nunca rezavam”.
“Nunca havia visto um rosário na vida real e o fato de que tivessem toda uma coleção e nem sequer o usassem me parecia sem sentido. Eu não sabia o que significava rezar o rosário, mas sabia que era algo especial”, explica.
“Eu podia ser bruxa de verdade”
No verão que completou 20 anos, Libby estava buscando novelas de fantasia ou ficção científica na livraria. Não encontrou nada interessante mas justamente ao lado dessa seção estava a de Nova Era e Astrologia, “onde um livro de bruxaria cativou minha atenção. A capa era idiota, o título mais ainda, mas para uma garota impressionável de 20 anos com um amor pelas coisas obscuras e misteriosas e uma ânsia profunda por qualquer coisa espiritual, as promessas da capa do livro despertavam um acorde que ressoava com intensidade. A bruxaria não era só um conto de fadas! Tampouco era adorar o demônio. Só tinha que comprar esse livro e também eu poderia ser uma bruxa de verdade”.
Comprou e o leu fascinada. Estudou suas lições. Começou a conversar com outras pessoas “de minha nova fé recém encontrada”. Não passou muito antes que seu guarda-roupa tivesse uma só cor: o negro. Comprou numerosos pentagramas de prata. Criou um círculo de amizades neo-pagãs. “Encontrei mestres com experiência do mundo real para que me ajudassem e lia sem cessar qualquer coisa relacionada com a Arte ["the Craft", a arte da magia] que caísse em minhas mãos”.
“Pratiquei a bruxaria neo-pagã durante 15 anos. Como ativa solitária e também como membro de um ‘coven’ [grupo ou comunidade de bruxos que se reunem e fazem rituais juntos]. Organizei eventos pagãos e tinha uma extensa rede online”, enumera Libby.
Maldição é mais fácil que cura
Talvez por seu nascimento no Halloween, parecia ter mais facilidade para o “trato com os mortos” e a adivinhação. E comprovou que a magia de maldição se dava melhor que a de cura. “Não creio que isto fosse uma coincidência. Uma das grandes frases neo-pagãs e um argumento que usam os bruxos para defender sua fé é que se centra, supostamente, na magia positiva, mas tem pouca base na realidade. Dizer ´não danes a ninguém, faça como quiser´, rapidamente se descarta pelo bruxo que não pode impedir, nem pode curar!”.
Libby se dava conta que a permissividade moral do neo-paganismo era radical. “É uma espécie de hedonismo rodeado de fé”, disse. Decidiu livrar-se de seus restos de cultura cristã, buscar uma “liberdade” que violasse os pontos morais de origem cristã que ainda tinha. “Agora praticar a magia era o menor de meus problemas, havia adotado uma visão do mundo que me fazia caminhar sobre uma corda frouxa espiritual sem rede de segurança”, explica.
Envolvida em seus rituais e focada no hedonismo, Libby não se deu conta de que Deus ia tecer sua rede “buscando-me de forma surpreendente”.
Quando vem o mal real a quem chamas?
Ela seguia lendo novelas de terror e desfrutava dos filmes de medo. “Eu me dei conta de que quando um mal real ameaça estas histórias, ninguém chama o pastor protestante local nem ao mabo vudú nem a sacerdotisa pagã, na qual estamos. Chamam a Igreja católica”, afirma.
Una vez disse a um amigo que “se algo maligno se manifestasse em minha casa, chamaria um padre católico local antes de uma sacerdotisa wicca”. Disse meio em gozação. Mas não de tudo. “Havia um poder e autoridade na Igreja católica que reconhecia inconscientemente inclusive naquela época”.
O ‘Rondador Noturno’ esteve uma temporada estudando para ser seminarista, já com ‘clergyman’ e tudo, mas não continuou porque não lhe deixavam ser super-herói, que era sua verdadeira vocação… Também desfrutava lendo quadrinhos. “Meu super-herói preferido era um mutante azul, com cola e dependente, pirata com espada, dos X-Men. Seu nome é Rondador Noturno, e era católico devoto, talvez o único católico devoto que protagoniza quadrinhos. Era algo novo em minha experiência até então: um católico enamorado de Deus e feliz por isso”, explica.
Estudar para o jogo de RPG
Sua outra afeição era o jogo de RPG. Jogava o RPG de super-heróis Marvel e só fazia interpretar o seu personagem preferido, Rondador Noturno. Como muitos jogadores de RPG, que são um tipo de pessoas com impulsos criativos, também escrevia relatos de fantasia ou terror, que às vezes publicava a nível semi-profissional. E uma ou outra vez os personagens tendiam a ser católicos. E para interpretar um católico, seja em um jogo de RPG ou em um relato, Libby decidiu documentar-se. Nas partidas de RPG, por exemplo, os personagens inimigos, ou outros jogadores, podiam criticar a fé de seu super-herói católico. Com que argumentos responderia ele?
Então Libby, a bruxa neo-pagã, se pôs a ler apologética católica. E o Catecismo!
Beleza… e Verdade
“E comecei a perguntar se havia estado deslocada desde o princípio. Mais me encantava todo a roupagem da Igreja: os odores, as campainhas, a arte, a música, a grandeza dos rituais, algo menos surpreendente dado meu similar amor por essas roupagens no neo-paganismo. Mas comecei a ver a VERDADE na apologética. Verdade dura, mas verdade. Os rituais e feitiços da Arte pareciam baratos em comparação, meras sombras da Verdade, e eu tinha fome por algo real”.
Libby se inscreveu no curso de iniciação cristã para adultos que se ensinava em sua paróquia local, muito comum nas igrejas católicas dos Estados Unidos. “Eu me dei um ano. Levou menos. Eu já era Sua”, disse.
Não é que fosse fácil, sobretudo nos hábitos morais. “Passava de uma religião de extrema permissividade a uma religião que era exigente de verdade comigo”, reconhece. Mas Libby cita o cardeal Newman: “Aprofundar na história ou seja de ser protestante, e em meu caso, também deixar de ser pagã”.
O poder do Espírito Santo
Esta conversão intelectual se viu completada na Semana Santa com uma experiência mística. “Eu me fiz católica de coração. Experimentei Deus no Espírito Santo, de uma forma muito real, que mudou minha vida, e deixei para trás o paganismo. Esse foi o momento no qual me enamorei de Deus e não quis mais separar-me d’Ele”.
Foi batizada na Vigília Pascal de 2010. “Agora minha vida é mais simples, mais formosa e mais pacífica, do que quando estava debaixo do paganismo. A verdadeira liberdade descansa em Deus”, explica em seu testemunho em ‘WhyImCatholic.com’.
Foi bruxa por quinze anos, mas as novelas de terror e um super-herói católico a levaram à Igreja
Tudo começou com um livro da seção de Astrologia e terminou com um jogo de RPG: o personagem de Rondador Noturno lhe deu a chave.
Libby Edwards é uma mulher que nasceu no Halloween e foi, desde os 20 aos 35 anos, neo-pagã e bruxa. Realizava rituais, organizava eventos pagãos e praticava talentos “ocultos” (no sentido de sobre-naturais): “Eu parecia ter um dom particular para a adivinhação e o trato com os mortos, e aprendi a curar e a maldizer, mesmo que decididamente tinha mais êxito com o segundo que com o primeiro”.
Como chegou a isso? Pelos livros. E como saiu dali? Pelas novelas, os quadrinhos, os jogos de RPG e a graça de Deus, “que veio para buscar-me onde eu estava”.
Uma jovem sem igreja
Libby nasceu nos Estados Unidos em uma família de cultura protestante. Quando a família se mudou para Carolina do Norte, tendo ela 8 anos, adotou o mormonismo, devido à calorosa acolhida de uma comunidade mórmon do lugar. Mas com o passar do tempo, quando ela já era estudante, sua família não era praticante. “Eu era a típica adolescente sem igreja, mais interessada em gostar de pessoas do que em cultivar uma relação com Deus”, recorda.
Tinha amigos cristãos e durante um tempo saiu com um noivo protestante, da ‘Church of God’. Ela evidenciava um certo interesse pelo espiritual e algumas vezes ia às igrejas de seus amigos se a convidavam.
Com o catolicismo tinha então só dois laços: as novelas e películas de terror, como ‘O Exorcista’, e uma família de conhecidos, bastante tíbios mas que a fascinavam igualmente, porque “tinham uma gaveta cheia de rosários que nunca rezavam”.
“Nunca havia visto um rosário na vida real e o fato de que tivessem toda uma coleção e nem sequer o usassem me parecia sem sentido. Eu não sabia o que significava rezar o rosário, mas sabia que era algo especial”, explica.
“Eu podia ser bruxa de verdade”
No verão que completou 20 anos, Libby estava buscando novelas de fantasia ou ficção científica na livraria. Não encontrou nada interessante mas justamente ao lado dessa seção estava a de Nova Era e Astrologia, “onde um livro de bruxaria cativou minha atenção. A capa era idiota, o título mais ainda, mas para uma garota impressionável de 20 anos com um amor pelas coisas obscuras e misteriosas e uma ânsia profunda por qualquer coisa espiritual, as promessas da capa do livro despertavam um acorde que ressoava com intensidade. A bruxaria não era só um conto de fadas! Tampouco era adorar o demônio. Só tinha que comprar esse livro e também eu poderia ser uma bruxa de verdade”.
Comprou e o leu fascinada. Estudou suas lições. Começou a conversar com outras pessoas “de minha nova fé recém encontrada”. Não passou muito antes que seu guarda-roupa tivesse uma só cor: o negro. Comprou numerosos pentagramas de prata. Criou um círculo de amizades neo-pagãs. “Encontrei mestres com experiência do mundo real para que me ajudassem e lia sem cessar qualquer coisa relacionada com a Arte ["the Craft", a arte da magia] que caísse em minhas mãos”.
“Pratiquei a bruxaria neo-pagã durante 15 anos. Como ativa solitária e também como membro de um ‘coven’ [grupo ou comunidade de bruxos que se reunem e fazem rituais juntos]. Organizei eventos pagãos e tinha uma extensa rede online”, enumera Libby.
Maldição é mais fácil que cura
Talvez por seu nascimento no Halloween, parecia ter mais facilidade para o “trato com os mortos” e a adivinhação. E comprovou que a magia de maldição se dava melhor que a de cura. “Não creio que isto fosse uma coincidência. Uma das grandes frases neo-pagãs e um argumento que usam os bruxos para defender sua fé é que se centra, supostamente, na magia positiva, mas tem pouca base na realidade. Dizer ´não danes a ninguém, faça como quiser´, rapidamente se descarta pelo bruxo que não pode impedir, nem pode curar!”.
Libby se dava conta que a permissividade moral do neo-paganismo era radical. “É uma espécie de hedonismo rodeado de fé”, disse. Decidiu livrar-se de seus restos de cultura cristã, buscar uma “liberdade” que violasse os pontos morais de origem cristã que ainda tinha. “Agora praticar a magia era o menor de meus problemas, havia adotado uma visão do mundo que me fazia caminhar sobre uma corda frouxa espiritual sem rede de segurança”, explica.
Envolvida em seus rituais e focada no hedonismo, Libby não se deu conta de que Deus ia tecer sua rede “buscando-me de forma surpreendente”.
Quando vem o mal real a quem chamas?
Ela seguia lendo novelas de terror e desfrutava dos filmes de medo. “Eu me dei conta de que quando um mal real ameaça estas histórias, ninguém chama o pastor protestante local nem ao mabo vudú nem a sacerdotisa pagã, na qual estamos. Chamam a Igreja católica”, afirma.
Una vez disse a um amigo que “se algo maligno se manifestasse em minha casa, chamaria um padre católico local antes de uma sacerdotisa wicca”. Disse meio em gozação. Mas não de tudo. “Havia um poder e autoridade na Igreja católica que reconhecia inconscientemente inclusive naquela época”.
O ‘Rondador Noturno’ esteve uma temporada estudando para ser seminarista, já com ‘clergyman’ e tudo, mas não continuou porque não lhe deixavam ser super-herói, que era sua verdadeira vocação… Também desfrutava lendo quadrinhos. “Meu super-herói preferido era um mutante azul, com cola e dependente, pirata com espada, dos X-Men. Seu nome é Rondador Noturno, e era católico devoto, talvez o único católico devoto que protagoniza quadrinhos. Era algo novo em minha experiência até então: um católico enamorado de Deus e feliz por isso”, explica.
Estudar para o jogo de RPG
Sua outra afeição era o jogo de RPG. Jogava o RPG de super-heróis Marvel e só fazia interpretar o seu personagem preferido, Rondador Noturno. Como muitos jogadores de RPG, que são um tipo de pessoas com impulsos criativos, também escrevia relatos de fantasia ou terror, que às vezes publicava a nível semi-profissional. E uma ou outra vez os personagens tendiam a ser católicos. E para interpretar um católico, seja em um jogo de RPG ou em um relato, Libby decidiu documentar-se. Nas partidas de RPG, por exemplo, os personagens inimigos, ou outros jogadores, podiam criticar a fé de seu super-herói católico. Com que argumentos responderia ele?
Então Libby, a bruxa neo-pagã, se pôs a ler apologética católica. E o Catecismo!
Beleza… e Verdade
“E comecei a perguntar se havia estado deslocada desde o princípio. Mais me encantava todo a roupagem da Igreja: os odores, as campainhas, a arte, a música, a grandeza dos rituais, algo menos surpreendente dado meu similar amor por essas roupagens no neo-paganismo. Mas comecei a ver a VERDADE na apologética. Verdade dura, mas verdade. Os rituais e feitiços da Arte pareciam baratos em comparação, meras sombras da Verdade, e eu tinha fome por algo real”.
Libby se inscreveu no curso de iniciação cristã para adultos que se ensinava em sua paróquia local, muito comum nas igrejas católicas dos Estados Unidos. “Eu me dei um ano. Levou menos. Eu já era Sua”, disse.
Não é que fosse fácil, sobretudo nos hábitos morais. “Passava de uma religião de extrema permissividade a uma religião que era exigente de verdade comigo”, reconhece. Mas Libby cita o cardeal Newman: “Aprofundar na história ou seja de ser protestante, e em meu caso, também deixar de ser pagã”.
O poder do Espírito Santo
Esta conversão intelectual se viu completada na Semana Santa com uma experiência mística. “Eu me fiz católica de coração. Experimentei Deus no Espírito Santo, de uma forma muito real, que mudou minha vida, e deixei para trás o paganismo. Esse foi o momento no qual me enamorei de Deus e não quis mais separar-me d’Ele”.
Foi batizada na Vigília Pascal de 2010. “Agora minha vida é mais simples, mais formosa e mais pacífica, do que quando estava debaixo do paganismo. A verdadeira liberdade descansa em Deus”, explica em seu testemunho em ‘WhyImCatholic.com’.
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