Aleteia
Vamos voltar um pouco no tempo: 2003. Em janeiro daquele ano, o ator tetraplégico Christopher Reeve
Em resumo, as pessoas estavam animadas. Tão animadas, na verdade, que, em 2005, a Austrália aprovou uma lei permitindo a “clonagem terapêutica” para fins de pesquisa.
É difícil recapturar a intensidade desse debate, na Austrália e em outros lugares. A causa era urgente. “Perdemos muito tempo já, e eu realmente não posso suportar perder mais”, disse a ex-primeira-dama Nancy Reagan. Os cientistas tornaram-se ativistas políticos. Eles pressionaram os políticos e insistiram em que a clonagem terapêutica levaria à cura do Parkinson, Alzheimer e diabetes.
Mas a cura nunca chegou.
Nos últimos dez anos, o evento mais memorável no campo das pesquisas com células-tronco embrionárias foi um recorde mundial para a fraude científica. Em 2004 e 2005, Science publicou dois artigos de Hwang Woo-suk, um cientista sul-coreano. Ele alegou que tinha isolado com sucesso células-tronco embrionárias humanas. A Coreia imprimiu selos em sua homenagem e ele foi aclamado como uma celebridade internacional. Mas era um charlatão, havia obtido óvulos de forma antiética e seus resultados eram falsos.
Comunicados de imprensa continuaram jorrando de institutos de células-tronco, mas eram sempre sobre os desenvolvimentos promissores, ao invés de curas comprovadas. Em 2011, depois de muitos falsos começos, a empresa de biotecnologia Geron, com sede na Califórnia, desistiu de sua pesquisa com células-tronco embrionárias para se concentrar em medicamentos contra o câncer. Era necessário: ela estava indo à falência.
A razão pela qual a pesquisa com células-tronco de embriões desapareceu das manchetes dos jornais é porque que ela foi substituída por “células-tronco pluripotentes induzidas”. Em 2007, o pesquisador japonês Shinya Yamanaka mostrou que era possível criar linhas de células estaminais a partir de células dapele sem destruir embriões. Quase imediatamente, os principais cientistas de células-tronco abandonaram a pesquisa com células-tronco embrionárias.
em sua cadeira de rodas, visitou a Austrália para promover a legalização da “clonagem terapêutica“.
Segundo ele, isso era absolutamente necessário, para que muitos
pacientes não morressem desnecessariamente. O ceticismo sobre o
potencial das células-tronco embrionárias seria
totalmente injustificado. “Isso é um mito”, disse ele à sua audiência
australiana. “Isso não é verdade. Não deixe ninguém lhe dizer que é um
sonho fantástico.”
Em julho daquele ano, o New England Journal of Medicine, importante revista médica internacional, publicou um artigo sobre a “promessa de cura universal” com células-tronco embrionárias.Em resumo, as pessoas estavam animadas. Tão animadas, na verdade, que, em 2005, a Austrália aprovou uma lei permitindo a “clonagem terapêutica” para fins de pesquisa.
É difícil recapturar a intensidade desse debate, na Austrália e em outros lugares. A causa era urgente. “Perdemos muito tempo já, e eu realmente não posso suportar perder mais”, disse a ex-primeira-dama Nancy Reagan. Os cientistas tornaram-se ativistas políticos. Eles pressionaram os políticos e insistiram em que a clonagem terapêutica levaria à cura do Parkinson, Alzheimer e diabetes.
Dissidentes sustentaram que as células-tronco adultas já ofereciam caminhos éticos para a cura e que as células-tronco embrionárias nunca funcionariam. Afirmavam que embriões são seres humanos e que era loucura moral tratar a vida humana como um instrumento de pesquisa. As mulheres seriam vítimas, também, já que a clonagem terapêutica exigiria enormes estoques de óvulos.As apostas eram imensas e os dissidentes perderam. A ética teve de ficar em segundo plano com relação à ciência. A bioeticista Ruth Faden e o especialista em células-tronco, John Gearhart, ambos líderes em seu campo, foram a voz de muitos: “Acreditamos que a obrigação de aliviar o sofrimento humano nos une e justifica o uso instrumental da vida embrionária”.
Mas a cura nunca chegou.
Nos últimos dez anos, o evento mais memorável no campo das pesquisas com células-tronco embrionárias foi um recorde mundial para a fraude científica. Em 2004 e 2005, Science publicou dois artigos de Hwang Woo-suk, um cientista sul-coreano. Ele alegou que tinha isolado com sucesso células-tronco embrionárias humanas. A Coreia imprimiu selos em sua homenagem e ele foi aclamado como uma celebridade internacional. Mas era um charlatão, havia obtido óvulos de forma antiética e seus resultados eram falsos.
Comunicados de imprensa continuaram jorrando de institutos de células-tronco, mas eram sempre sobre os desenvolvimentos promissores, ao invés de curas comprovadas. Em 2011, depois de muitos falsos começos, a empresa de biotecnologia Geron, com sede na Califórnia, desistiu de sua pesquisa com células-tronco embrionárias para se concentrar em medicamentos contra o câncer. Era necessário: ela estava indo à falência.
A razão pela qual a pesquisa com células-tronco de embriões desapareceu das manchetes dos jornais é porque que ela foi substituída por “células-tronco pluripotentes induzidas”. Em 2007, o pesquisador japonês Shinya Yamanaka mostrou que era possível criar linhas de células estaminais a partir de células dapele sem destruir embriões. Quase imediatamente, os principais cientistas de células-tronco abandonaram a pesquisa com células-tronco embrionárias.
Yamanaka – um homem que tinha rejeitado a pesquisa com células-tronco embrionárias como antiética – ganhou o Prêmio Nobel de Medicina no ano passado.
Por várias razões, alguns cientistas continuam defendendo a causa das células-tronco embrionárias. No início deste mês, pesquisadores da Oregon Health and Science University anunciaram que tinham clonado embriões humanos e extraído com sucesso células-tronco embrionárias. O estudo foi publicado na revista Cell. Foi “uma conquista sem precedentes”, disse George Daly, do Harvard Stem Cell Institute. Mas sua alegria durou pouco.
O principal efeito deste trabalho foi evocar o pesadelo do escândalo Hwang. Leitores de olhos aguçados notaram que algumas imagens foram duplicadas. As nuvens começaram a se formar sobre os resultados. “É um grau de desleixo que não se esperaria de um jornal com este perfil”, disse um especialista à Nature.
O principal efeito deste trabalho foi evocar o pesadelo do escândalo Hwang. Leitores de olhos aguçados notaram que algumas imagens foram duplicadas. As nuvens começaram a se formar sobre os resultados. “É um grau de desleixo que não se esperaria de um jornal com este perfil”, disse um especialista à Nature.
Para obter o financiamento do governo e
poder brincar de deus com embriões humanos, cientistas e bioeticistas
mentiram, exageraram, foram sensacionalistas e caricatos. Foi uma
batalha brutal, na qual a verdade ficou em segundo lugar. “As pessoas
precisam de um conto de fadas”, disse Ronald D.G. McKay, outro importante cientista de células-tronco.
Inimigos da pesquisa com embriões foram chamados de trogloditas e fundamentalistas religiosos. Suas credenciais científicas foram questionadas. Eles foram acusados de ser insensíveis e indiferentes ao sofrimento de pacientes com doenças crônicas. No entanto, eles estavam certos.
Nenhuma pessoa jamais foi curada com células-tronco embrionárias. Nem uma. Há ainda um longo caminho a percorrer antes que as células de Yamanaka possam ser usadas para tratar os pacientes. Mas a solução, quando vier, não exigirá a destruição de embriões.
Inimigos da pesquisa com embriões foram chamados de trogloditas e fundamentalistas religiosos. Suas credenciais científicas foram questionadas. Eles foram acusados de ser insensíveis e indiferentes ao sofrimento de pacientes com doenças crônicas. No entanto, eles estavam certos.
Nenhuma pessoa jamais foi curada com células-tronco embrionárias. Nem uma. Há ainda um longo caminho a percorrer antes que as células de Yamanaka possam ser usadas para tratar os pacientes. Mas a solução, quando vier, não exigirá a destruição de embriões.
Não há ninguém preparado para pedir desculpas?
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