segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A Papisa Joana: Parte I – A Lorota

E aí gente,Papisa_joana_taro_marsella

Vou discorrer sobre esse tema porque parece que muita gente (principalmente aqueles que tiveram acesso a um baralho de Tarô de Marselha), fica intrigado com ele. Para desenvolvê-lo, utilizei-me do trabalho do Professor Robert P. Lockwood. Nunca ouviram falar? Claro que não… Historiadores sérios não são publicados na República Popular da Banânia Petralha, e a academia brasileira tem tesão em palhaços franceses e comunistas ingleses. Se o texto existe em português, agradeçam a abnegados heróis tradutores, no caso em questão Marcos Zamith – que Deus o proteja e dê força.

UMA LENDA FORJADA POR CATÓLICOS

Bem, antes de mais nada, temos que deixar claro que essa história da Papisa Joana, para qualquer historiador sério, não passa de uma LENDA. E, acreditem, as fontes dessa história hodierna são totalmente CATÓLICAS. Falo isso porque durante muito tempo os católicos acusaram os protestantes de a haverem criado. Temos sempre que ser justos. Mas, como tudo em relação aos protestantes, tem um “perhaps”: embora não tenham parido essa blasfêmia, foram eles que alimentaram-na, na sua obsessão em desacreditar a Igreja de Jesus.

E, para vergonha do povo católico, quem pôs fim nessa farsa foi um estudioso calvinista. Digo vergonha porque um embuste católico foi destruído pelas contradições internas do protestantismo. Caso típico de males que vem para o bem.

O QUE CONTA A LENDA?

Falemos da dita “papisa”. Haveria sido entronizada no século IX. Era na realidade uma fábula, um fableau, que se agigantou e hoje é um ícone feminista e anticatólico que rendeu dois filmes (um pior do que o outro). Olhem só no que pode se tornar uma piada nas mãos de gente mal intencionada. Os gnósticos transformaram-na em seu símbolo máximo, os protestantes a usam para comprovar a corrupção do papado (acreditem, ainda hoje sua lenda é contada nos cultos da vida) e os robôs positivistas do século XIX fizeram dela a própria assaltante do ar.

Há um documentário da rede ABC NEWS que faz a dramatização da vida de Joana, qualquer semelhança com “Lula – O Filho do Brasil” não é mera coincidência. Advirto mais uma vez meus leitores: cuidado com a linguagem midiática. Retomando: garotinha “inteligentérrima” entra para um convento disfarça de garoto. Estudante brilhante, vai para Atenas, estudar com os maiores mestres da Época. Mas a devoção de Joana não era maior que sua “aflição” e ela arruma um amante para “preencher o seu vazio”.

papisa_joana_partoNas suas peregrinações acaba indo para “a casa dos monges devassos, cardeais maquinadores, santos travestis, intriga, melodrama, corrupção e violência”, como Roma é definida pela narradora. Vê-se o quanto esse documentário é honesto e imparcial

Joana a essa altura era conhecida como “João Inglês”, em virtude de sua origem saxônica. Numa ascensão meteórica, logo se torna Secretária Curial, Cardeal e é eleita Papa por aclamação em 855.

A farsa acabou durante uma procissão em que ela pariu uma menina. O povo em fúria amarrou a agonizante papisa na cauda de um cavalo e a apedrejou até a morte com seu corpo sendo arrastado por toda cidade.

Daí, por causa disso, a Igreja ficou maluca, perseguiu as mulheres, instituiu o celibato e queimou todo mundo nas fogueiras da inquisição. Pelo menos é o que dizem os gnósticos e protestantes.

No próximo post: a VERDADE por trás dessa lorota grotesca (clique aqui paraver

A Papisa Joana: Parte II – A Verdade

Voltamos,

Começamos esse segundo e último post sobre a Lenda da Papisa Joana citando literalmente o Professor Lockwood:

“A moral do século XXI sobre a lenda da Papisa Joana é clara: a Igreja teme mulheres poderosas, a Igreja tem propositadamente posto fora de forma literária qualquer menção a mulheres poderosas de sua história, e a tradição persistente do celibato sacerdotal resultou do ódio às mulheres.”

O fato do celibato ser uma norma estabelecida séculos antes da existência dessa lenda parece não ter a mínima importância para os produtores do documentário da rede ABC NEWS (citado no post anterior). Cadê a isenção? O lance é ser o mais anticatólico possível e falar mal da Igreja? Parece-me que sim.

John Peter-Pham nos diz que do século XIII ao século XVII a existência da papisa era aceita como fato histórico. Foi um dominicano que, por volta de 1250, deu as linhas gerais da lenda. Seu nome era Jean de Mailly. Aqui, Joana é colocada como sucessora do Papa Vitor III. Um outro dominicano e um franciscano embarcaram nessa, mudando a data do Pontificado de Joana, e Martin Troppan inclui seu nome na “Crônica de Papas e Imperadores”. O nome adotado por Joana seria “João Ânglico”. Junte-se um detalhe aqui e ali e… Habemus lorota.

pegadinha_do_malandro_papisaAté o poeta humanista Boccaccio se intrometeu nessa história. No século XIV, Boccaccio usou a história de Joana para atacar a Igreja. O bobalhão João Huss, um dos precursores mais perniciosos de Lutero, utilizou-se também dessa conversa fiada.

David Blondel, protestante, foi quem botou água no chopp da turminha da Sola Scriptura. O holandês era um estudioso sério e um historiador de verdade. Resultado: foi perseguido, humilhado e vilipendiado pelos seus pares. Um outro “historiador”, Pierre Bayle, diz:

“O interesse protestante requer que a história de Joana seja verdadeira”.

Os artigos que estamos postando sobre os papas, em si, são a refutação mais óbvias da lenda da Papisa Joana. Não há lacunas das fontes em nenhum dos períodos em que a turma tentou encaixar Joana. Seu Papado seria entre 855 e 857, logo após Leão IV. Probleminha: Bento III foi eleito logo em seguida a morte de Leão. E essa eleição é especialmente bem documentada em virtude de um fato inusitado que a transformou numa barafunda: o Imperador Bizantino era menor de idade (Miguel III, que ficou mais tarde conhecido com a alcunha de “O Alcóolatra”); Bento III é um caso raro de aclamação em que o povo faz do indivíduo Papa “na marra”: ele foi arrancado de suas orações e levado pelo povo ao trono de São Pedro. A confusão adveio do fato de partidários do Imperador colocarem no trono um anti-papa chamado Anastácio. Bento foi o Papa justamente nesse período de tempo atribuído a Joana. Cadê o tempo hábil pra papisa “papisar”?

Ademais, passaram-se 400 anos até alguém mencionar a dita Joana, lembram-se? O que foi? Amnésia coletiva? Um papado de três anos em que nada aconteceu? E Bento III? Como podem ver, foi tudo uma empulhação.

Lockwood diz que duas questões permanecem: onde surgiu a lenda e porque ainda hoje ela nos azucrina. Há 4 hipóteses:

  1. A fonte mais remota seria um conto popular romano;
  2. O Papa João VIII, que seria a “inspiração” para a fábula de Joana e foi o primeiro Papa vítima de conspiração palaciana no Vaticano, seria afeminado. Realmente, as imagens do papa que nos chegam são meio… assim… Bom, afeminado não é sinônimo de gay;
  3. Era uma forma de desmoralizar o Papa Sérgio, antecessor de Leão IV, que, dizem, muito antes de Alexandre VI, fazia coisas que deixariam o Papa Bórgia corado de vergonha, pois era um devasso de primeira linha;
  4. Uma “vingancinha” do Imperador Miguel III, o cachaça… quer dizer, alcoólatra.

Pra encerrar e pensar. Vocês não acharam que o paganismo entregou os pontos fácil não é? Vemos na origem do mito traços da cultura pagã, um mito vestal, tão querido pelos humanistas.

A lenda de Joana é degradante e sobreviveu porque se adapta a ordem do dia de humilhar os católicos.

Fiquem com Deus e perseverem na fé.

Fonte: ocatequista.com

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