quarta-feira, 3 de agosto de 2011

CORRUPÇÃO NO GOVERNO LULA


Cadê a indignação

Filed under: Corrupção — Prof. Felipe Aquino

Carta ao Leitor – REVISTA VEJA – 27/7/2011

Uma reportagem desta edição de VEJA traz o relatório da maior investigação já realizada pelo Tribunal de Contas da União sobre o sistema de compras do governo federal. A auditoria esquadrinhou 142000 contratos do governo Lula, envolvendo gastos totais superiores a 100 bilhões de reais.

Os auditores encontraram mais de 80000 indícios de irregularidades que foram catalogadas em sete modalidades principais de fraude. O relatório foi encaminhado ao Ministério Público e ao Congresso, para que sejam tomadas as providências legais. Mas isso não basta. Na escalada de cifras bilionárias que aparecem a cada semana em notícias sobre desvios de dinheiro público, algo se perdeu entre os cidadãos que trabalham, estudam e pagam impostos escorchantes – a indignação. A falta dela é sintomática da impunidade que, se não é nova na história brasileira, se ampliou espantosamente durante o governo anterior.

os brasileiros mostram-se entorpecidos com as denúncias de corrupção, porque o braço da lei não desce com peso equivalente ao dano sobre as quadrilhas partidárias que infestam todos os escalões dos governos. , E preciso, no entanto, que a indignação ressurja e se traduza em manifestações enfáticas por parte da sociedade. Só a mobilização forte e permanente obrigará a Justiça e os políticos a tomar medidas sumárias para limpar a administração pública dos ladrões, colocá-los na cadeia – sim, na cadeia – e fazê-los devolver as quantias roubadas ao Erário.

Não se constrói uma nação civilizada apenas com votações limpas e periódicas ou com respeito às liberdades básicas como a de expressão e de acesso à Justiça. O momento atual do Brasil exige um ataque drástico à corrupção generalizada. Não falta capacidade de inovação no mundo oficial brasileiro quando o objetivo é desviar dinheiro público. Em matéria de engenho e em volume, não errará quem disser que vivemos o período mais auspicioso para os corruptos no país. Onde se deitam os olhos, há irregularidades.

Entre as modalidades de fraude, destaca-se a do “laranja”, o sujeito que tem a identidade e o perfil bancário usados para promover diversos trambiques. Existem dois tipos de laranja. Um é ilustrado pelo pedreiro que aparece nessa reportagem de VEJA – a pessoa humilde, pobre, muitas vezes analfabeta ou parcamente alfabetizada cuja identidade é, sem seu conhecimento, usada no trabalho sujo. O pedreiro da foto soube recentemente que era “dono” de uma fortuna de 8 milhões de reais, dinheiro que ele mal consegue quantificar e que, claro, foi posto em seu nome momentaneamente enquanto o espertalhão que o roubou espera a oportunidade certa de gasta-lo.

O relatório do TCU também tipificou a figura da “empresa-coelho”, uma artimanha para aumentar artificialmente o preço cobrado para fazer obras ou prestar serviços ao estado. Funciona assim: empresa oferece um preço lá embaixo, ganha a concorrência e, depois, desiste em favor da segunda colocada – esta, sim, com o preço nas nuvens. O que mais provoca indignação é a absoluta normalidade com que essas manobras são encaradas. O TCU flagrou, atenção, uma empresa que ganhou e desistiu ou foi desclassificada 12370 (doze mil trezentos e setenta) vezes. Guarde esse número e indigne-se.

Fonte: Revista VEJA – Edição 2227 – n0 30 – 27/7/2011

É de arrepiar e revoltar o tamanho da corrupção implantada no governo federal e denunciada pelo TCU, publicado pela revista VEJA.

Mas, por que não há a indignação do povo diante de tanto roubo?

Algumas causas são identificáveis, como alguns jornalistas já tem mostrado: os pobres são calados com a Bolsa Família, os movimentos sociais recebem fartas verbas do governo e estão dominados; os sindicatos estão nadando em dinheiro das contribuições sindicais obrigatórias e ajuda do governo, e não se manifestam; os estudantes que são os mais indignados normalmente, estão anestesiados porque o governo banca a UNE – União Nacional dos Estudantes, paga seus eventos e encontros… e assim por diante. Sobra a classe média trabalhadora, que sua a camisa para se manter e pagar os impostos e não tem tempo para gritar. Então, “está tudo dominado”, e o roubo acontece sem punição. Como quebrar as grades dessa cadeia?

Prof. Felipe Aquino


Por que não reagimos?

Filed under: Opinião — Prof. Felipe Aquino at 3:39 pm on quarta-feira, julho 27, 2011

O jornalista Fernando de Barros e Silva, escreveu na Folha de SP, de 29 de junho de 2011, o artigo que tem o título acima.

(http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1907201103.htm)

Em poucas palavras ele explicou bem claro porque a corrupção campeia no Brasil e o povo continua sem reagir, como se tudo estivesse bem. Entre outras coisas ele diz:

“Por que os brasileiros não reagem à corrupção? Por que a indignação resulta apenas numa uma carta enviada à Redação ou numa coluna de jornal? Por que ela não se transforma em revolta, não mobiliza as pessoas, não toma as ruas? Por que tudo, no Brasil, termina em Carnaval ou em resmungo?

A pergunta inicial não foi feita por um brasileiro – o que é sintomático. Foi Juan Arias, correspondente do jornal “El País” no Brasil, quem a formulou num artigo recente. “

“Es que los brasileños no saben reaccionar frente a la hipocresía y falta de ética de muchos de los que les gobiernan?”. Y entonces???

Não existe resposta simples aqui. Em primeiro lugar, a vida de milhões de brasileiros melhorou nos últimos anos, mesmo sob intensa corrupção, e apesar dela. Ninguém que leve o materialismo a sério pode desconsiderar esse dado básico.

Além disso, o PT, na prática, estatizou os movimentos sociais. Da UNE ao MST, passando pelas centrais sindicais, todos recebem dinheiro do governo. Foram aliciados. São entusiastas e sócios do poder, coniventes com os desmandos porque têm interesses a preservar, como o PR de Valdemar e Pagot.

Há ainda um terceiro aspecto, menos óbvio, que leva muita gente progressista a se encolher diante da corrupção. É a idéia introjetada de que qualquer movimento político ou mobilização contra a bandalha acaba sendo uma reedição do espírito udenista, coisa da direita ou que serve a seus propósitos. O lulismo soube explorar esse enredo, como se estivesse em jogo no mensalão uma disputa entre Vargas (o pai dos pobres nacionalista) e Lacerda (o moralista a serviço das elites).
Lula nunca moveu uma palha para mudar o sistema político podre que o beneficiou. Com a corrupção sob seu nariz, preferiu posar de vítima da imprensa golpista. Enquanto isso, seus aliados, no PT ou à direita, golpeavam os cofres da Viúva, exatamente como sempre neste país. Está aí a gangue dos Transportes, na estrada há 10 anos.

Resta lembrar o grito de Martin Luther King, aquele belo pastor americano negro, que lutou até ser assassinado em 1963 contra o racismo:

Não tenho medo dos gritos dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, do sem caráter, dos sem ética. Tenho medo do silêncio dos bons.”

Prof. Felipe Aquino

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