* Se o aborto é o problema, o aborto não pode ser a solução.
agosto 4th, 2010
Lenise Garcia, presidente do Movimento Brasil Sem Aborto.
Logo que saiu a pesquisa de um grupo da UnB, coordenado pela Dra. Débora Diniz, sobre números do aborto no Brasil, foi-me solicitado pelo Jornal da Tarde um artigo de opinião. Apesar de estar em viagem, fiz o esforço de produzir, no mesmo dia, o texto que segue abaixo. Não tive oportunidade de vê-lo publicado, e posteriores tentativas de contato com a jornalista que o solicitou não surtiram efeito.
O programa Fantástico repercutiu essa pesquisa, e por isso penso que é oportuno trazer aqui o breve artigo.
Demasiados abortos
Este foi o título de um Editorial do jornal espanhol El Pais, em 10 de dezembro de 2008, em que comentava que o aborto é “percebido por muitos jovens como um método anticoncepcional de emergência, quando é uma intervenção agressiva que pode deixar sequelas físicas e psicológicas.” O jornal mostrava a preocupação com o grande aumento do número de abortos, depois de uma lei mais permissiva, na Espanha.
A pesquisa recentemente publicada no Brasil sobre números do aborto merece também sérias reflexões. Foi dirigida e interpretada por pessoas que defendem a descriminalização do aborto, mas dados são dados, e certamente é possível analisá-los por outros ângulos, como faço aqui.
O âmago do problema consiste no aborto em si, sendo falsa a dicotomia entre aborto clandestino “arriscado” e aborto legal “sadio”, pois nenhum aborto é saudável, nem ética, nem social, nem psicologicamente. Se o aborto é o problema, o aborto não pode ser a solução.
O enorme número detectado mostra uma chaga social, e traz muitos questionamentos. Fica evidente, pelas estatísticas e pelos depoimentos, a futilidade, até frivolidade, que envolve muitos casos. Vê-se o aborto sendo usado como método de controle de natalidade, por pessoas que poderiam perfeitamente arcar com a manutenção e educação de mais um filho. Isso indica que, se legalizado no Brasil, o aborto seguiria uma escalada similar à que aconteceu em outros países, como a Espanha, ou como a Rússia, na qual há mais crianças mortas no ventre das mães do que nascidas vivas.
Vê-se também a facilidade de acesso a medicamentos abortivos proibidos, e a clínicas clandestinas, sem que as autoridades tomem nenhuma providência. A conivência governamental, e fortes indícios do envolvimento de entidades estrangeiras que promovem o aborto no Brasil, fornecendo aparelhagem e treinamento a profissionais de saúde, foram as justificativas apresentadas por vários deputados que solicitaram a criação de uma CPI para investigar o aborto clandestino no Brasil. Criada ao final de 2008, a CPI até agora não foi instalada, pela resistência das lideranças dos partidos da base governista, que se recusam a indicar membros. O financiamento público da pesquisa agora publicada mostra que o governo deseja mostrar apenas parte dos fatos, e não o seu conjunto.
Os números refletem também o baixo investimento no aspecto mais importante: a prevenção da gravidez indesejada, que só se pode conseguir com educação e o favorecimento de uma vivência da sexualidade consciente e responsável.
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