* Porque cremos que a Igreja Católica é a Igreja de Cristo?
agosto 1st, 2012
A Fundação da Igreja
“E
eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha
Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; e eu te
darei as chaves do reino dos Céus: e tudo o que desatares sobre a terra,
será desatado também nos céus.” (Mt. 16, 18)
Como
isso é claro e positivo! Jesus Cristo muda o nome de Simão, em pedra
(aramaico: Kephas, significa pedra e pedro, numa única palavra, como em
francês Pierre é o nome de uma pessoa e o nome do minério pedra).
Deus
fez diversas vezes tais mudanças, para que o nome exprimisse o papel
especial que deve representar a pessoa. Assim mudou o nome de Abrão em
Abraão (Gn 17, 5), para exprimir que devia ser o pai de muitos povos.
Mudou ainda o nome de Jacob em Israel (Gn 32, 28) para significar a “força contra Deus“.
Assim Jesus Cristo mudou o nome de Simão em Pedro, sobre a qual estará
fundada a Igreja, sendo o seu construtor o próprio Cristo.
Em
todo o trecho em que Nosso Senhor confirma S. Pedro como primeiro Papa,
fica evidente que Ele se dirige, exclusivamente, a S. Pedro, sem um
mínimo desvio: “Eu te digo… Tu és Pedro… Sobre esta pedra edificarei… Eu te darei… O que desatares…”
S. Pedro é a pessoa a quem tudo é dirigido … é ele o centro de todo este texto.
Esse
ponto é muito importante, pois a interpretação truncada dos
protestantes quer admitir o absurdo de que Nosso Senhor não sabia se
exprimir corretamente. Eles dizem que Cristo queria dizer: “Simão, tu és
pedra, mas não edificarei sobre ti a minha Igreja, por que não és
pedra, senão sobre mim.” Ora, é uma contradição, pois Nosso Senhor
alterou o nome de Simão para “Kephas”, deixando claro quem seria a
“pedra” visível de Sua Igreja.
A primazia de S. Pedro comprovada nas Sagradas Escrituras e na Tradição
“Eu te darei as chaves do Reino dos Céus” [a S. Pedro] – (Mt. 16, 17-19) – Primazia de jurisdição sobre todos, pois é a ele que a sentença é dita.
O
primado de S. Pedro sobre os outros fica claramente expresso quando
ele: 1) preside e dirige a escolha de Matias para o lugar de Judas (At
1,1-25); 2) É o primeiro a anunciar o evangelho no dia de Pentecostes
(At 2, 14); 3) Testemunha, diante do Sinédrio, a mensagem de Cristo (At
10, 1); 4) Acolhe na Igreja o primeiro Pagão (At 10,1); 5) Fala primeiro
no Concílio dos Apóstolos, em Jerusalém, e decide sobre a questão da
circuncisão: “Então toda a assembléia silenciou“(At 15, 7-12), etc.
Todos os sucessores dos apóstolos atestam o primado de Pedro e dos seus sucessores, como, por exemplo: 1) Tertuliano: “A Igreja foi construída sobre Pedro“; 2) S. Cipriano: “Sobre um só foi construída a Igreja: Pedro“; Santo Ambrósio: “Onde há Pedro, aí há a Igreja de Jesus Cristo“.
S. Mateus enumerando os apóstolos, confirma o primado de S. Pedro: “O primeiro, Simão, que se chama Pedro“(Mt 10, 2).
No
século I, o Bispo de Roma, Clemente, escrevendo aos Coríntios, para
chamar à ordem os que injustamente tinham demitido os presbíteros,
declara-lhes que serão réus de falta grave se não lhe obedecerem. O
procedimento de Clemente de Roma tem maior importância, se considerarmos
que nessa época ainda vivia o apóstolo S. João que não deixaria de
intervir se o Bispo de Roma estivesse no mesmo plano dos outros bispos.
No princípio do sec. II, Santo Inácio escreve aos romanos que a Igreja de Roma preside a todas as demais.
S. Irineu diz ser a Igreja Romana a “máxima”
e fundada pelos apóstolos Pedro e Paulo (Heres. 3. 3. 2). Traz mais a
lista dos dirigentes da Igreja Romana desde S. Pedro ate o Papa reinante
no tempo dele, que era S. Eleuterio. Ao todo eram só doze. Eis a lista
de modo ascensional: Eleuterio; Sotero; Aniceto; Pio; Higino; Telesfor;
Xisto; Alexandre; Evaristo; Clemente; Anacleto; Lino; Pedro. (veja que
S. Irineu deve ter vivido no entre o ano 100 e 200 DC). S. Jerônimo
escrevendo a S. Dâmaso, Papa, diz: “Eu me estreito a Vossa Santidade
que equivale a Cátedra de Pedro. E esta a pedra sobre a qual Jesus
Cristo fundou a sua Igreja. Seguro em vossa cátedra eu sigo a Jesus
Cristo“. Fala nisto direta ou indiretamente diversos santos e
cristãos dos primeiros séculos, formando a mais universal das tradições,
a mais firme convicção histórica. Só para citar alguns: S. Epifanio,
Osório Pedro de Alexandria, Dionísio de Corinto, S. João Crisóstomo,
Papias, etc.
Nosso Senhor: “Simão,
Simão, eis que Satanás vos pediu com instância para vos joeirar como
trigo; mas eu roguei por ti, para que não desfaleça a tua fé; e tu, uma
vez convertido, confirma os teus irmãos” (Luc. 22, 31-32). Ou seja, é S. Pedro que tem a missão, dada pelo próprio messias, de ‘confirmar‘ seus irmãos. Essa missão supõe, evidentemente, o primado de jurisdição.
S.
Pedro é nomeado pastor das ovelhas de Cristo. Após a Ressurreição,
Nosso Senhor confia a Pedro a guarda de seu rebanho, isto é, confia-lhe o
cuidado de toda a cristandade, dos cordeiros e das ovelhas: “Apascenta os meus cordeiros“, repete-lhe duas vezes; e à terceira: “apascenta as minhas ovelhas” (Jo. 21, 15-17). Ora, conforme o uso corrente das línguas orientais, a palavra apascentar significa “governar“.
Apascentar os cordeiros e as ovelhas é, portanto, governar com
autoridade soberana a Igreja de Cristo; é ser o chefe supremo; é ter o
primado. Além do que a imagem de “pastor” designa, na Sagrada
Escritura, o Messias e sua obra (cf. Mq 2,13; 4,6s; Sf 3,18s, Jr 23,3;
31,19; Is 30,11; 49,9s). Ora, confiando a S. Pedro a missão de pastor,
Nosso Senhor o constituiu seu representante visível na Terra.
No
catálogo dos apóstolos (Mt 10, 2-4; Mc 3, 16-19; Lc 6, 13-16; At 1,
13), S. Pedro sempre é colocado em primeiro lugar. Em Mt. 10, 2 lê-se
explicitamente que Pedro é o primeiro (“Prótos“). Ora, “prótos” tanto quer dizer o primeiro numericamente como o primeiro em dignidade e honra (v. Mt 20, 27; Mc 12, 28,31; At 13, 50; 28,17).
Em
Mt. 17, 24-27, curiosamente, Nosso Senhor mandou pagar o tributo ao
templo em nome Dele e de S. Pedro, demonstrando a importância daquele
que seria o seu representante visível. Ele não manda que se pague em
nome dos outros apóstolos, apenas de S. Pedro.
A
estadia de S. Pedro em Roma é incontestável historicamente. Sobre ela
atestam Orígenes (ano 254), Clemente de Alexandria (215), Tertuliano
(222), S. Irineu (202), Dionísio (171). Do século primeiro, convém
destacar S. Inácio (107) e Clemente Romano (101). Esses historiadores e
testemunhas são reconhecidos, pela crítica moderna, como autoridades
dignas de fé.
Existe uma série ininterrupta de testemunhos do Século III até aos apóstolos e isso sem uma voz discorde.
Em
Cartago e em Corinto, em Alexandria e Roma, na Gália como na África, no
Oriente como no Ocidente, a viagem de S. Pedro a Roma é afirmada
unanimemente, como fato sobre o qual não pairou nunca a mínima dúvida.
Orígenes (+ 254) diz: “S. Pedro, ao ser martirizado em Roma, pediu e obteve fosse crucificado de cabeça para baixo” (Com. in Genes., t. 3).
Clemente de Alexandria ( + 215) diz: “Marcos escreveu o seu Evangelho a pedido dos Romanos que oviram a pregação de Pedro” (Hist. Ecl. VI, 14).
Tertuliano (+ c. 222), por sua vez, diz: “Nero
foi o primeiro a banhar no sangue o berço da fé. Pedro então, segundo a
promessa de Cristo, foi por outrem cingido quando o suspenderam na Cruz” (Scorp. c. 15).
No século II abundam igualmente provas.
Santo Irineu (+ 202) escreve na sua grande obra “contra as heresias“: “Mateus,
achando-se entre os hebreus, escreveu o Evangelho na língua deles,
enquanto Pedro e Paulo evangelizavam em Roma e aí fundavam a Igreja” (L. 3, c. 1, n. 1, v. 4).
Dionísio (+ 171) escreve ao papa Sotero: “S. Pedro e S. Paulo foram à Itália, onde doutrinaram e sofreram o martírio no mesmo tempo” (Evas. Hist. Eccl. II 25).
Do século I convém destacar:
Santo
Inácio (+ 107), Bispo de Antioquia, que conviveu longos anos com os
apóstolos. Condenado por Trajano, fez viagem para Roma, onde foi
supliciado, tendo escrito antes uma carta aos Romanos onde diz: “Tudo isso eu não vos ordeno como Pedro e Paulo; eles eram apóstolos, e eu sou um condenado” (ad Rom., c IV).
Clemente
Romano (+101), 3o sucessor de S. Pedro, conheceu-o pessoalmente em
Roma. É, por isso, autoridade de valor excepcional. Eis o que escreve: “Ponhamos
diante dos olhos os bons apóstolos Pedro e Paulo. Pedro que, pelo ódio
iníquo, sofreu; e depois do martírio, foi-se para a mansão da glória. A
estes santos varões, que ensinavam a santidade, associou-se grande
multidão de eleitos, que, supliciados pelo ódio, foram entre nós de
ótimo exemplo“.
Note
que só estão citados autores do início do cristianismo, para que não
fique dúvida acerca da idoneidade dos testemunhos, que poderiam ser
objeto de dúvida dos protestantes… É bom revelar que nenhum protestante
imparcial teve a ousadia de contestar esses historiadores.
É,
portanto, um fato certo que S. Pedro esteve em Roma e foi ali
martirizado sob o reinado de Nero. Nenhum historiador, até os
protestantes, isto é, durante 1500 anos, o contesta; ao contrário: para
todos eles é um fato notório e público.
Vamos agora provar que S. Pedro foi o primeiro Bispo de Roma:
Poderíamos
citar muitas longas passagens de S. Irineu, Caio, S. Cipriano, S.
Agostinho, S. Optato, S. Jerônimo, Sulpício Severo, que atestam
“unânimes” o episcopado romano do príncipe dos apóstolos. Limitemo-nos a
umas curtas citações:
Caio: falando de S. Vitor, Papa, diz: “Desde Pedro ele foi o décimo terceiro Bispo de Roma“(ad Euseb. 128)
S. Jerônimo: “Simão Pedro foi a Roma e aí ocupou a cátedra sacerdotal durante 25 anos” (De Viris Ill. 1, 1).
S. Agostinho: “S. Lino sucedeu a S. Pedro” (Epist. 53)
Sulpício Severo, falando do tempo de Nero, diz: “Neste tempo, Pedro exercia em Roma a função de Bispo” (His. Sacr., n. 28)
S. Ireneu: “Os
apóstolos Pedro e Paulo fundaram a Igreja, e o primeiro remeteu o
episcopado a Lino, a quem sucedeu Anacleto e depois Clemente“.
Convém
notar ainda que todos os catálogos dos Bispos de Roma, organizados
segundo os documentos primitivos, pelos antigos escritores, colocam
invariavelmente o nome de Pedro à frente de todos.
Agora veremos como o Papa é sucessor direto de S. Pedro, primeiro Bispo de Roma:
Primeiramente,
os protestantes deveriam provar que o Papa não é sucessor de S. Pedro,
todavia, como eles não tem nenhum texto histórico ou religioso que
prove, eles pedem uma prova dos católicos. Eles só negam, nada podem
afirmar.
Vamos
analisar as Sagradas Escrituras. Lá existe não só a investidura de S.
Pedro como chefe visível da Igreja, mas a investidura perpétua dos
apóstolos, para serem os “enviados” de Cristo (Mt. 28, 18 – 20): “É
me dado todo o poder no céu e na terra; ide pois e ensinai a todos os
povos e eis que estou convosco todos os dias até a consumação do mundo“.
Que quer dizer isso?
1 – Cristo tem todo poder, é a primeira parte
2
– Cristo transmite este poder, é a segunda parte (Lembremo-nos, no
mesmo sentido, da frase: “tudo que ligares na terra será ligado no céu e
tudo o que desligares na terra será desligado no céu”)
3 – A quem Ele transmite? Aos apóstolos.
4 – Até quando? Até a consumação do mundo
Ora,
Cristo transmitiu este poder unicamente aos apóstolos presentes? Não
pode ser, pois os apóstolos deviam morrer um dia, como todos os homens
morrem. Ele diz: “estarei convosco até à consumação do mundo“.
Se
Ele promete estar com os apóstolos até o fim do mundo, é claro que ele
não está se dirigindo aos apóstolos como pessoas físicas, mas como um “corpo moral“, que deve perpetuar-se nos seus sucessores, e hão de durar atá o fim dos tempos.
Eis uma prova evidente que o bispo de Roma, que é o Papa, é o sucessor de S. Pedro e de sua “jurisdição”.
A
sucessão também é observada nos primeiros cristãos, que nomeavam
diáconos e bispos, transmitindo-lhes as obrigações de seus antecessores.
Jesus
Cristo, fundando uma sociedade religiosa visível, que devia durar até
ao fim do mundo, devia necessariamente nomear um chefe, com sucessão,
para perpetuar a mesma autoridade: “Quem vos escuta, escuta a mim” (Mt 28, 18). Se assim não fosse, Nosso Senhor não teria podido dizer: “Eis que estou convosco todos os dias até o fim do mundo“; devia ter dito que estaria apenas com S. Pedro até o fim de sua vida. Dessa forma, cumpre-se o que manda a Bíblia: “Um só senhor, uma só fé, um só batismo” (Ef. 4, 5)
S. Pedro, 42 – 67
S. Lino, 67 – 78
S. Cleto, 78 – 91
S. Clemente, 91 – 100
Santo Evaristo, 100 – 109
Santo Alexandre I, 109 – 119
S. Sixto I, 119- 128
S. Telésforo, 128 – 139
Santo Higino, 139 – 142
S. Pio I, 142 – 150
Santo Aniceto, 150 – 162
S. soter, 162 – 170
Santo Eleutério, 170 – 186
S. Vitor, 186 – 197
S. Zefirino, 197 – 217
S. Calisto I, 217 – 222
Santo Urbano I, 222 – 230
S. Ponciano, 230 – 235
Santo Antero, 235 – 236
S. Fabiano, 236 – 251
S. Cornélio, 251 – 252
S. Lúcio I, 252 – 254
Santo Estêvão I, 254 – 257
S. Sixto II, 257 – 259
S. Dionísio, 259 – 269
S. Félix, 269 – 275
Santo Eutiquiano, 275 – 283
S. Caio, 283 – 295
S. Marcelino, 295 – 304
S. Marcelo, 304 – 310
Santo Eusébio, 310 – 311
S. Melcíades, 311 – 313
S. Silvestre I, 313 – 336
S. Silvestre batizou o imperador Constantino Magno.
“Olhai,
pois, por vós e por todo o rebanho, sobre que o Espírito Santo vos
constituiu bispos, para apascentardes a Igreja de Deus a qual santificou
pelo seu próprio sangue” (At 20, 28)
“Quem vos ouve, a mim ouve; quem vos despreza, a mim despreza; e quem me despreza, despreza aquele que me enviou“. (LC 10, 16)
A
Bíblia diz claramente que Jesus Cristo fundou uma Igreja sobre Pedro
(Mt 16, 18), diz que estaria com ele até o fim do mundo (Mt 28, 13-20),
que lhe dava as chaves do reino do céu (Mt 16, 19), que esta Igreja
seria coluna e firmamento da verdade (1 Tim 3, 15), que é preciso
escutar esta Igreja sob pena de ser tratado como um pagão (Mt 18, 17).
Mesmo
em relação à autoridade dos Fariseus e Escribas, apesar de viciados em
seus erros, por serem a autoridade legítima, disse Nosso Senhor: “Sobre
a cadeira de Moisés se assentaram os escribas e os fariseus; observai,
pois, e fazei tudo o que eles vos disserem; mas não imiteis as suas
ações” (Mt 23, 2).
Nosso
Senhor escolheu, entre seus inúmeros discípulos, apenas doze Apóstolos,
(Mt. 10, 2-4). Instruiu-os duma maneira particular, desvendou-lhes o
sentido das parábolas que as turbas não compreendiam (Mt. 13, 2) e
associou-os à sua obra mandando-lhes que pregassem o reino de Deus aos
filhos de Israel (Mt. 10, 5, 42).
Poucos dias antes da Ascenção, Cristo confiou aos doze Apóstolos o poder que antes lhes tinha prometido: “Todo
o poder me foi dado no céu e na terra; ide, pois, e ensinai todas as
gentes, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo,
ensinando-as a observar todas as coisas que eu vos tenho ordenado, e
estai certos de que eu estou convosco todos os dias até a consumação dos
séculos” (Mt. 28, 19-20). Portanto, conclui Boulenger, Jesus Cristo comunicou aos Apóstolos o poder – 1) de ensinar: “ide e ensinai todos os povos“,
2) de santificar, pelos ritos instituídos para este fim e, em
particular, pelo batismo, 3) de governar, uma vez que os Apóstolos hão
de ensinar o mundo a “observar” tudo o que Ele mandou.
A Hierarquia reconhecida na história:
1) Testemunho de Santo Irineu, argumentando contra os hereges, apresenta o caráter hierárquico da Igreja, como um ‘fato notório‘
que ninguém pode negar, como uma fundação de Cristo e dos Apóstolos.
Ora, como podia reivindicar para a Igreja cristão a origem apostólica,
se os seus adversários pudessem apresentar provas da fundação recente da
hierarquia?
2) Testemunho de S. Policarpo, em meados do sec. II, designa os pastores como “chefes da hierarquia e guardas da fé”
3)
No mesmo século ainda podemos citar os testemunhos: a) o de Hegesipo
que mostra as Igreja governadas pelos Bispos, sucessores dos apóstolos;
b) o de Dionísio de Corinto, que escreve na sua carta à Igreja romana
que a Igreja de Corinto guarda fielmente as admoestações recebidas
outrora do Papa Clemente.
4) No ano 110, Santo Inácio de Antioquia, em sua Epístola aos Romanos, da Igreja de Roma como do centro da cristandade: “Tu (Igreja de Roma) ensinastes as outras. E eu quero que permaneçam firmes as coisas que tu prescreves pelo teu ensino” (Rom, IV, 1).
5)
Cerca do ano de 96, S. Clemente Romano, discípulo imediato de S. Pedro e
de S. Paulo, escreveu uma carta aos Coríntios, na qual nos dá da Igreja
noção equivalente à de S. Ireneu, apresentando a hierarquia como a “guarda da tradição” e a Igreja de Roma com a primazia universal sobre todas as Igrejas locais.
6)
Deste modo, chegamos, de geração em geração, aos tempos apostólicos.
Desde o primeiro alvorecer do cristianismo, os Apóstolos desempenharam a
dupla função de dirigentes e pregadores. Escolheram Matias para ocupar o
lugar de Judas (At 1, 12, 26). Instituíram diáconos nos quais delegaram
parte dos seus poderes (At. 6, 1, 6).
Na
prática da Igreja também fica claro o poder de governo sobre todos os
cristãos. Os Apóstolos exerceram este tríplice poder: a) Poder
legislativo: No Concílio de Jerusalém, impõem aos recém-convertidos “que se abstenham das carnes oferecidas aos ídolos, das viandas sufocadas e da impureza” (At 15, 29); b) poder judiciário: S. Paulo entrega a Satanás “Himeneu e Alexandre, para aprenderem a não blasfemar” (I Tim 1, 20); c) poder penal: S. Paulo escreve aos coríntios: “Portanto,
eu vos escrevo estas coisas, estando ainda longe de vós, de modo que,
quando eu chegar aí, não tenha de castigar, segundo o poder a mim
confiado por Deus para edificar, não para destruir” (II Cor 13, 10).
Vimos
que Jesus Cristo fundou uma Igreja hierárquica, conferindo aos
Apóstolos e aos Bispos, seus sucessores, os poderes de ensinar, de
santificar e de governar. Demonstraremos agora que Jesus ligou ao poder
de ensinar o privilégio da “infalibilidade“.
Conceito:
A infalibilidade é a garantia de preservação de todo erro doutrinal
pela assistência do Espírito Santo. Não é simples inerrância de fato,
mas de direito. Portanto, não se deve confundir a infalibilidade com a “inspiração“, que consiste no impulso divino que leva os escritores sagrados a escreverem o que Deus quer; e nem com a “revelação“,
que supõe a manifestação duma verdade antes ignorada. O privilégio da
Infalibilidade não faz com que a Igreja descubra verdades novas;
garante-lhe somente que, devido à assistência divina, não pode errar
nem, por conseqüência, induzir em erro, no que respeita a questões de Fé
ou moral.
Todavia, não se confunde a “infalibilidade” com a “impecabilidade“.
A Igreja nunca defendeu a tese de que o Papa não pudesse cometer
pecados. O Papa é infalível quando segue as normas da infalibilidade,
falando à toda a Igreja, como sucessor de S. Pedro, em matéria de Fé e
Moral, definindo uma verdade que deve ser acatada por todos. Em sua vida
privada – ou quando não utilizando a fórmula da infalibilidade -, o
Papa pode cometer erros e até pecados.
Argumento
de razão: Não se justifica que Deus possa ter deixado os homens à sua
própria sorte no tocante à doutrina. O “livre exame” protestante gera o
subjetivismo e as divisões, condenadas pela Sagrada Escritura. A
autoridade de um corpo de apóstolos é necessária, racionalmente, para a
realização dos planos de Deus na terra, sob pena de aceitarmos a tese de
que Deus não guia seu povo.
Argumento histórico:
Somos
chegados ao campo positivo da história. Afinal, o que Jesus devia
fazer, segundo a razão, tê-lo-ia feito? Terá instituído uma autoridade
viva e infalível encarregada de guardar e ensinar a sua doutrina?
O
primeiro ponto, de que Nosso Senhor instituiu uma Igreja hierárquica,
com chefes a quem concedeu o poder de ensinar, já está demonstrado
anteriormente. Resta agora examinar o segundo ponto, no qual provaremos
que o poder de ensinar comporta o privilégio da “infalibilidade”.
a) Nos textos da Escritura:
A S. Pedro, em especial, prometeu Jesus Cristo que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Igreja)”
(Mat. 16, 18); e a todos os Apóstolos prometeu, por duas vezes,
enviar-lhes o Espírito de Verdade (Jo. 14, 15; 15, 26) e ficar com eles
até ao fim do mundo (Mat 28, 20). Estas promessas significam claramente
que a Igreja é indefectível, que os apóstolos e os seus sucessores não
poderão errar quando ensinarem a doutrina de Jesus; porque a assistência
de Cristo não pode ser em vão, nem o erro estar onde se encontra o
Espírito de verdade;
b) No modo de proceder dos Apóstolos:
Do
seu ensino se depreende que tinham consciência de ser assistidos pelo
Espírito Santo. O decreto do Concílio de Jerusalém termina com estas
palavras: “Assim pareceu ao Espírito Santo e a nós” (At. 15, 28). Os Apóstolos pregam a doutrina evangélica “não como palavra de homens, mas como palavra de Deus, que na verdade o é”
(1Tes 2, 13), a que é necessário dar pleno assentimento (II Cor 10, 5) e
cujo depósito convém guardar cuidadosamente (1 Tim 6, 20). Além disso,
confirmam a verdade de sua doutrina com muitos milagres (At 2, 43 etc):
prova evidente de que eram intérpretes infalíveis da doutrina de Cristo,
de outro modo Deus não a confirmaria com o seu poder;
c) Na crença da antigüidade cristã:
Concedem
os nossos adversários que a crença na existência dum magistério vivo e
infalível existia já no século III. Basta, portanto, aduzir testemunhos
anteriores.
Na
primeira metade do século III, Orígenes, aos hereges que alegam as
Escrituras, responde que é necessário atender à tradição eclesiástica e
crer no que fio transmitido pela sucessão da Igreja de Deus. Tertuliano,
no tratado “Da prescrição“, opõe aos hereges o “argumento da prescrição”
(condenando o que contraria o ensinado pelos apóstolos) e afirma que a
regra de fé é a doutrina que a Igreja recebeu dos Apóstolos.
Nos fins do século II, S. Irineu, na carta a Florino e no “Tratado contra as heresias“, apresenta a Tradição apostólica como a sã doutrina, como uma tradição que “não é meramente humana“. Donde se segue que não há motivo para discutir com os hereges e que estão condenados pelo fato de discordarem desta tradição.
Pelo ano de 160, Hegesipo apresenta, como critério da Fé ortodoxa, a conformidade com a “doutrina” dos Apóstolos “transmitida”
por meio dos Bispos, e por esse motivo redige a lista dos Bispos. Na
primeira metade do século II, Policarpo e Papias apresentam a doutrina
dos Apóstolos como a única verdadeira, como uma regra segura de Fé. Nos
princípios do mesmo século, temos o testemunho de Santo Inácio. Afirma
este santo que a Igreja é “infalível” e que a incorporação nela é necessária a quem se quer salvar.
Conclusão:
tanto através da razão como da história, provamos que o poder de
ensinar, conferido por Nosso Senhor Jesus Cristo à Igreja docente, traz
consigo o privilégio da “infalibilidade“, isto é, que a Igreja não pode errar quando expõe a doutrina de Jesus Cristo.
Pelo exposto, fica claro que a “infalibilidade” é privilégio daqueles a quem compete “ensinar“, isto é, os Apóstolos e, de modo especial, a S. Pedro e seus sucessores.
A infalibilidade do colégio apostólico provém, portanto: a) da missão conferida a “todos os apóstolos” de “ensinar todas as nações” (Mat 28, 20); b) da “promessa de estar com eles” “até à consumação dos séculos” (Mat 28, 20) e de lhes “enviar o consolador, o Espírito Santo que lhes há de ensinar toda a verdade” (Jo, 14, 26). Estas passagens mostram com evidência que o privilégio da “infalibilidade” foi concedido ao “corpo docente” tomado coletivamente.
A
sucessão desse poder deve ser entendida no sentido de que o colégio
apostólicos, atualmente composto pelos bispos, é ‘infalível’ não
individualmente em cada bispo, mas no conjunto deles.
No
caso de S. Pedro e seus sucessores, a infalibilidade é pessoal.
Provaremos isso com argumentos tirados dos textos evangélicos e da
história.
O argumento escriturístico deriva dos mesmo textos que demonstram o primado de S. Pedro: “Tu és Pedro…“,
pois é incontestável que a estabilidade do edifício lhe vem dos
alicerces. Se. S. Pedro, que deve sustentar o edifício cristão, pudesse
ensinar o erro, a Igreja estaria construída sobre um fundamento inseguro
e já se não poderia dizer “as portas do inferno não prevalecerão contra ela“.
Depois, com o “Confirma fratres” (“confirma os irmãos“), Nosso Senhor assegurou a Pedro que pedira de modo especial por ele, “para que sua fé não desfaleça”
(Luc 22, 32). É evidente que esta prece feita em circunstâncias tão
solenes e tão graves (o momento da paixão de Nosso Senhor) não pode ser
frustrada.
Finalmente, com o “Pasce Oves”
(apascenta as minhas ovelhas), foi confiada a Pedro a guarda, o
governo, de todo o rebanho. Ora, não se pode supor que Jesus Cristo
tenha entregue o cuidado do seu rebanho, colocando S. Pedro como Pastor,
a um pastor que pudesse desencaminhar as ovelhas eternamente, ensinando
o erro.
O Argumento histórico da infalibilidade de S. Pedro:
A
crença da Igreja não se manifestou da mesma forma em todos os séculos.
Houve, na verdade, certo desenvolvimento na exposição do dogma e até no
uso da infalibilidade pontifícia; mas nem por isso o dogma deixa de
remontar aos primeiros tempos, e de fato já o encontramos em germe na
Tradição mais afastada, como se demonstra pelo sentir dos Padres da
Igreja e dos concílios, e pelos fatos:
No século II, S. Irineu afirmava que todas as Igrejas se devem conformar com a de Roma, pois só ela possui a verdade integral.
S. Cipriano dizia que os Romanos estão “garantidos na sua fé pela pregação do Apóstolo e são inacessíveis à perfídia do erro” (o apóstolo dos romanos é S. Pedro).
S. Jerônimo, para pôr termo às controvérsias que afligiam o Oriente, escreveu ao Papa S. Dâmaso nos seguintes termos: “Julguei
que devia consultar a este respeito a cadeira de Pedro e a fé
apostólica, pois só em vós está ao abrigo da corrupção o legado dos
nossos pais“.
S. Agostinho diz a propósito do pelagianismo: “Os decretos de dois concílios relativos ao assunto foram submetidos à Sé apostólica; já chegou a resposta, a causa está julgada“, “Roma locuta est, causa finita est“.
O testemunho de S. Pedro Crisólogo não é menos explícito: “Exortamo-vos,
veneráveis irmãos, a receber com docilidade os escritos do santo Papa
da cidade de Roma, porque S. Pedro, sempre presente na sua sede, oferece
a fé verdadeira aos que a procuram“.
O
que fica dito anteriormente acerca do primado do Bispo de Roma,
aplica-se com a mesma propriedade ao reconhecimento de sua
infalibilidade.
No
século II, o papa Victor excomungou Teódoto que negava a divindade de
Cristo, com uma sentença tida por todos como definitiva. Zeferino
condenou os Montanistas, Calisto os Sabelianos, e, a partir destas
condenações, foram considerados como hereges. Em 417, o papa Inocêncio I
proscreveu o pelagianismo, e a Igreja reconheceu o decreto como
definitivo. Em 430, o papa Celestino condenou a doutrina de Nestório, e
os Padres do Concílio de Éfeso seguiram a sua opinião.
O
concílio de Calcedónia (451) recebeu solenemente a célebre carta
dogmática do Papa Leão I a Flaviano, que condenou a heresia de Eutiques,
proclamando unanimemente: “Pedro falou pela boca de Leão“. Do
mesmo modo os Padres do III Concílio de Constantinopla (680) aclamaram o
decreto do Papa Agatão que condenava o monotelitismo, dizendo: “Pedro falou pela boca de Agatão“.
Como se vê, desde os primeiros séculos a Igreja romana é reconhecida como o “centro da fé” e como a “norma segura da ortodoxia“.
Quanto mais avançamos, tanto mais explícitos são os termos que nos
manifestam a universalidade desta crença, proclamada como dogma no I
Concílio Vaticano.
Finalmente,
podemos afirmar que nunca um Papa, na história da Igreja, proclamou,
segundo a fórmula da infalibilidade, um erro doutrinário.
Apenas com um chefe visível, infalível, se pode cumprir a unidade do “corpo místico de cristo”.
Em relação à doutrina:
1) “Quem não está comigo é contra mim“(Mt 12,30)
2) “Um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos” (Ef 4, 3-6)
3) “Não
rogo apenas por eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de
crer em mim. Para que todos sejam um, assim como Tu, Pai, estás em mim e
eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me
enviaste“(Jo 17,20-21).
4) “Recomendo-vos, irmãos, que tomeis cuidado com os que produzem divisões contra a doutrina que aprendestes. Afastai-vos deles” (Rm 16, 17).
5) “Se alguém vos anunciar um evangelho diferente, seja execrado, isto é, seja excomungado“(G. 1,7-9).
Em relação ao culto:
1) “Porque há um só pão, um só corpo somos nós, embora muitos, visto participarmos todos do único pão” (1Cor 10,17)
2) “A multidão dos fiéis tinha um só coração e uma só alma“(At 4, 32)
3) “Esforçai-vos em conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (Ef. 4,3).
Em relação à unidade de Governo:
1) “Irmãos, conjuro-vos que sejais sempre perfeitamente unidos num só sentimento e num mesmo pensar” (1 Cor 1,10)
2) “Tenho
ainda outras ovelhas que não são deste redil. Estas tenho de reunir, e
elas ouvirão a minha voz. E então haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo. 10,16; Mt 16, 15-16).
O
próprio fato de S. Paulo ter procurado a unidade na questão da
circuncisão deixa patente a existência de uma Igreja una. No concílio
que decidiu essa questão, em Jerusalém, foi S. Pedro quem falou primeiro
e quem deu a última palavra sobre a questão: “Então toda a assembléia silenciou“(At 15, 7-12), obedecendo ao Chefe do Colégio Apostólico.
Nas
Sagradas Escrituras, é só folhear os Atos dos Apóstolos e verificar o
crescimento da Igreja (a mesma e una) desde o início até os dias de
hoje.
A Igreja cresceu rápida, veloz, ao ponto que S. Paulo pôde compará-la com “um edifício vastíssimo, tendo os apóstolos por alicerce e Cristo como pedra angular.” (Ef. 2, 20)
Tertuliano se atrevia a escrever no seu Apologético, dirigido ao imperador romano: “Somos
de ontem, e já enchemos as cidades, as ilhas, os castelos, os
acampamentos, as aldeias e os campos; só deixamos vazios os vossos
templos. Se nos retirassem, o império ficaria deserto“.
A Igreja de Cristo vai crescendo e se espalhando, “multitudo ingens“, diz Tácito, falando do tempo de Nero (Anais 15, 44), formando uma “imensa multidão“,
até que, afinal, dominando e vencendo a tirania dos imperadores pagãos,
logre o reconhecimento oficial, com o reinado de Constantino Magno,
primeiro imperador cristão.
Foi
nesse tempo, em 325, que se reuniu o primeiro concílio dos bispos
católicos, em Nicéia, ao qual compareceram 318 bispos, sob a presidência
de Ósio, bispo de Córdova, assistido de dois legados do Papa (de Roma),
S. Sivestre.
Portanto,
a história e a bíblia são claros ao narrar a expansão da mesma Igreja,
fundada por Nosso Senhor sobre S. Pedro, em unidade.
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