* Respostas da Doutrina Católica a algumas objeções protestantes
Há uma proliferação de
seitas protestantes no
Brasil. Os
católicos, amiúde são atacados pelos adeptos de tais seitas com uma
chusma de pequenas questões relativas principalmente à Sagrada
Escritura, as quais, muitas vezes, não sabem, de momento, responder.
Apresentamos abaixo respostas de
autoria do Revmo. Pe.
David Francisquini. O autor é capelão da Igreja do Imaculado Coração de
Maria, em Cardoso Moreira (RJ).
Embora sejam
utilizados de preferência, nessas respostas, textos da Bíblia, convém
deixar claro que a Sagrada Escritura não é a única fonte de verdade
religiosa. Há também a Tradição, originada no ensinamento verbal dos
Apóstolos e fielmente recolhida pelos antigos Padres da Igreja, sem a
qual a própria interpretação da Sagrada Escritura fica difícil de se
fazer. O “livre exame” protestante, segundo o qual cada um
interpreta o texto bíblico como quer, é fonte de confusão e de erro.
1 – Por que os católicos dizem que o
Senhor Jesus é Deus?
Nós, católicos, acreditamos que Jesus
Cristo é Deus.
Primeiramente, pelo dom precioso da fé que gratuitamente recebemos – e
que está à disposição de todos os que não se fecham para ele – o qual
dispensa demonstrações.
Em segundo lugar,
porque isto vem provado nas Sagradas Escrituras com as próprias
palavras do Redentor e testemunhos de outros. Jesus Cristo é aí referido ora como
Deus, ora como Filho de Deus, o que, para efeito de provar sua
divindade, dá na mesma. Pois o Filho tem a mesma natureza do Pai.
Nós, simples mortais, podemos ser filhos adotivos de Deus. Filho de
Deus propriamente, por natureza, gerado desde toda a Eternidade, só
Jesus Cristo: “Tu és meu filho, eu te gerei hoje” (Sl 2, 7; Act 13, 35;
Heb 1,5 e 5,5).
Jesus Cristo, ademais de ser
verdadeiro Deus, é
verdadeiro homem. Houve hereges que negaram a natureza humana de Jesus
Cristo. Para eles, Jesus seria somente Deus e seu corpo uma espécie de
fantasma sem substância, apenas para ser visto. Mas aqui não nos
ocuparemos desses hereges, pois se perderam na noite dos tempos. Vejamos
algumas passagens da Escritura que nos falam da divindade de Jesus
Cristo.
Por exemplo, quando Caifás
conjurou-O, “em nome do Deus
vivo” a dizer se era “o Cristo, o Filho de Deus”, respondeu Jesus: “Sim.
Além disso eu Vos declaro que vereis doravante o Filho do Homem [Ele
mesmo] sentar-se à direita do Todo-Poderoso, e voltar sobre as nuvens do
céu” (Mt 26, 63-64, Mc 14, 61,62; Lc 22, 67-70). Os sacerdotes judeus
compreenderam bem toda a extensão dessa afirmação, pois rasgaram as
vestes dizendo que Ele blasfemara e que, por isso, era réu de morte.
Teria Jesus cometido um perjúrio?, cabe perguntar aos protestantes. Deus
nos livre de o pensar!
Já antes, na festa da Dedicação, aos
judeus que O
rodearam perguntando peremptoriamente: – “Até quando nos deixarás na
incerteza? Se tu és o Cristo, dize-nos claramente” –, respondeu-lhes
Nosso Senhor: “Eu vo-lo digo, mas não credes. As obras que faço em nome
de meu Pai dão testemunho de mim. Entretanto, não credes, porque não
sois das minhas ovelhas … Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 24 a 30). Ora,
ouvindo isso os judeus quiseram apedrejá-Lo “porque, sendo homem te
fazes passar por Deus”. Cristo Jesus não os desmentiu; pelo contrário,
admoestou-os: “como acusais de blasfemo aquele a quem o Pai santificou e
enviou ao mundo, porque eu disse: Sou o filho de Deus? Se eu não faço
as obras de meu Pai, não me credes. Mas se as faço, e se não quiserdes
crer em mim, crede nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o
Pai está em mim e eu no Pai” (id., 36 a 38).
Estando uma vez em Cesaréia de
Felipe, perguntou Jesus
aos Apóstolos: “No dizer do povo, quem é o Filho do homem?” Eles
responderam “Uns dizem que é João Batista, outros, Elias; outros,
Jeremias ou um dos profetas”. Perguntou-lhes Jesus: “E vós, quem dizeis
que sou?” São Pedro, adiantando-se, respondeu: “Tu és o Cristo, Filho do
Deus vivo!” Ao que respondeu Cristo Jesus: “Feliz és, Simão, filho de
Jonas, porque não foi a carne nem o sangue quem te revelou isto, mas meu
Pai, que está nos Céus” (Mt 16, 13 a 17). Não podia ser mais claro.
Essa profissão de fé mereceu a São Pedro ser declarado como a pedra
angular da Igreja.
Quando Jesus Cristo foi batizado por
São João Batista,
“eis que se abriram os céus, viu o Espírito de Deus descer como uma
pomba e vir sobre Ele. E eis que ouviu uma voz do céu que dizia: Este é o
meu Filho muito amado, no qual pus as minhas complacências” (Mt 3,
16-17), o que ocorreu também durante a Transfiguração no Monte Tabor,
com o seguinte acréscimo: “Escutai-O”.
Há várias outras passagens nas quais
Jesus afirma Sua
divindade. E isso os Apóstolos e os Discípulos creram, tanto assim que o
ensinaram em seus escritos e pregações. São João começa o seu Evangelho
dizendo: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o
Verbo era Deus”. E para que não ficasse dúvida, esclareceu: “E o Verbo
se fez carne, e habitou entre nós” (Jo 1, 1 e 14). E conclui seu
Evangelho com estas palavras: “Estas coisas foram escritas para que
creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo,
tenhais a vida em Seu nome” (Jo 20, 31). Por sua vez, São Marcos inicia
assim seu Evangelho: “Princípio da Boa Nova, de Jesus Cristo, Filho de
Deus” (1, 1).
Portanto os protestantes, que dizem
seguir a Bíblia à
risca, para serem coerentes consigo mesmos deveriam reconhecer a
divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.
2 – Por que os católicos cultuam Maria e
os Santos, quando está escrito que Jesus é o único Mediador?
Realmente, São Paulo afirma em sua
primeira epístola a
Timóteo (2, 5), que “há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os
homens que é Jesus Cristo”.
Essa afirmação não exclui que possa haver outros mediadores secundários,
pois o próprio Apóstolo dos Gentios é o primeiro a pedir a intercessão
de outros junto a Deus. Assim, diz aos romanos: “Rogo-vos, pois,
irmãos, por Nosso Senhor Jesus Cristo, e pelo amor do Espírito Santo,
que me ajudeis com as vossas orações por mim a Deus” (Rom 15, 30); aos
Corintos diz que espera que Deus o livrará de futuros grandes perigos,
“se nos ajudardes também vós com orações em nossa intenção ” (2 Cor 1,
9-11).
3 – Mas vocês, católicos, substituem o
Senhor Jesus por Maria.
Nós, católicos,
temos – e é a única atitude coerente – uma profunda veneração, e não
adoração, a Maria Santíssima. Se reconhecemos que Jesus Cristo é
Deus, temos que reconhecer que Ela é a Mãe de Deus. Só esse fato já
mereceria de nossa parte essa veneração especial. Se devemos honrar pai
e mãe, Cristo Jesus deixaria de dar-nos nisso o mais exímio exemplo,
ainda mais com tal Mãe? Ficaria Ele magoado com nossa veneração a sua
santa Mãe?
No Pequeno Ofício da Imaculada
Conceição figura o
seguinte raciocínio, claro, lógico, adamantino para demonstrar que Maria
foi isenta do pecado original: “Por decoro do Filho não podia o labéu
de Eva macular Maria”; e, “não podia tal Mãe assim eleita, por um
momento à culpa estar sujeita”. Sendo Deus todo-poderoso, deixaria de
fazer qualquer exceção, superar qualquer regra em favor dAquela que
escolheu para Mãe do seu Verbo?
Aqui aplica-se o
axioma da Igreja: Podia, queria, logo fez. Quer dizer, Deus quer o mais
perfeito. Poderia tomar uma carne que fosse a da mais perfeita das
criaturas. Podendo fazer isso, querendo fazê-lo, por que não haveria de
tê-lo feito?
Nossa Senhora, pelo papel que teve na
Redenção,
tornou-se Medianeira entre nós e Jesus Cristo. Não é uma mediação
independente, diferente da do Filho, mas de participação, por vontade
divina, na mediação de Cristo Jesus. É uma associação da Mãe à mediação
de seu Divino Filho.
4 – Mas onde se encontra, nas Sagradas
Escrituras, base para isso?
Narra o evangelista São Lucas que,
indo Maria Santíssima
visitar sua prima Santa Isabel, que esperava o futuro São João Batista,
saudou-a. “Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança
estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E
exclamou em alta voz: ‘Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o
fruto do teu ventre’” (Lc 1, 41-42). Não se pode negar a evidência de
que o Divino Espírito Santo serviu-Se da voz de Maria para santificar o
menino e cumular a mãe com suas bênçãos.
Também o episódio das Bodas de Caná
mostra, ainda com
mais evidência, o poder da intercessão de Maria Santíssima. Foi por sua
insistência que Jesus, antecipando Sua hora (Jo 2, 4), realizou seu
primeiro milagre público.
5 – Como explicam os católicos a
expressão “antes de coabitarem”, em Mateus, 1, 18, empregada em relação
a José e a Maria?
Aqui, mais uma vez, é preciso
conhecer o contexto para se
compreender essa passagem. Segundo o costume judeu, o casamento se
realizava em duas etapas. Na primeira, embora os noivos fossem
considerados já casados, a esposa permanecia algum tempo na casa
paterna. Na segunda etapa, os parentes a levavam para a casa do esposo, e
aí se consumava o casamento.
Com a expressão “antes de
coabitarem”, o Evangelista dá a
entender que a concepção virginal de Cristo se deu antes que a Virgem
Maria estivesse vivendo na casa de seu castíssimo esposo. O que não
significa que tenham coabitado depois. Como alguém que diz, fulano
estava dormindo e morreu antes de acordar. Não significa que depois
tenha acordado.
Que não houve coabitação se constata
também quando o
mesmo Evangelista narra que São José, percebendo que sua esposa
concebera, não conhecendo o mistério, mas não querendo difamá-la,
resolveu “rejeitá-la secretamente”. Mas o Anjo do Senhor apareceu-lhe em
sonhos tranqüilizando-o e aconselhando-o a recebê-la em sua casa,
porque Ela concebera por obra do Espírito Santo (Mt 1, 20 a 24).
6 – E as passagens – “Não a conheceu
até que deu à luz um filho…” em Mateus, e – “Seu Filho primogênito” –
empregadas por Lucas, não revelam que Maria teve outros filhos depois?
Nas Sagradas Escrituras, a expressão
“até que” é
empregada muitas vezes para indicar um tempo indeterminado, e não para
marcar algo que ainda não aconteceu, mas acontecerá depois. Assim, por
exemplo, no Salmo (109, 1) Deus Pai, dirigindo-se a Deus Filho, diz:
“Senta-te à minha direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo a
teus pés”.
Isso não quer dizer que depois disso o
Filho deixará de
sentar-se à direita do Pai…
Com relação à expressão “Filho
primogênito”, cumpre
ressaltar que, entre os orientais (até mesmo hoje em dia em vários
países), o primeiro filho nascido de um matrimônio tinha uma ascendência
moral sobre todos os outros irmãos e irmãs que viessem a nascer. Assim
se ressaltava que era o primogênito, ainda que ele viesse a ser o filho
único.
Por isso vê-se aparecer
freqüentemente nas Sagradas
Escrituras a expressão “primogênito”: “todo o primogênito do sexo
masculino será meu” (Ex 34, 19-20); “Resgatarás o primogênito dos teus
filhos: e não aparecerás na minha presença com as mãos vazias” (Num 18,
15).
A expressão “filho primogênito” em
São Lucas é entendida
assim, e o foi pela Tradição oral durante quase um milênio e meio, até
surgir Lutero, que “descobriu” esse detalhe para tentar “provar” que
Maria não permaneceu virgem.
7 – E a expressão “a Mãe e os irmãos de
Jesus?”
Nós, que temos a felicidade de sermos
católicos e
seguirmos a Tradição e os ensinamentos da Santa Madre Igreja, cremos
firmemente que Maria Santíssima foi virgem antes, durante e depois do
parto. Como se deu isso, como permaneceu virgem depois do parto? Quem
criou os céus e a terra poderia perfeitamente fazer esse milagre. O
corpo de Nosso Senhor, como Deus e homem, não poderia ter as
características do corpo glorioso, que se manifestassem em certas
ocasiões, como ao nascer? No Tabor, por exemplo, seu corpo apareceu
glorioso. E faz parte das características de um corpo glorioso
atravessar paredes e objetos sem dificuldade e sem danificá-los.
O grosseiro erro dos protestantes,
baseados numa
ignorante interpretação das Escrituras (fruto do “livre exame”), de que
Ela teve filhos depois, é uma injúria ao próprio Nosso Senhor Jesus
Cristo. Não se compreende como eles não percebem isso.
Analisemos o exemplo dado que é a
citação do Evangelho,
“A mãe e irmãos de Jesus”. Ora, é sabido que entre os orientais, os
parentes mais próximos eram chamados de irmãos, como até hoje se dá em
alguns países, notadamente a Índia, onde em alguns idiomas locais não há
palavras para designar “primo”.
Na própria Sagrada Escritura isso
está bem claro no livro
de Tobias. Aconselhado pelo Arcanjo Rafael a casar-se com Sara, filha
de Raquel, primo-irmão de seu pai, assim rezou a Deus: “Senhor, sabeis
que não é por motivo de luxúria que recebo por mulher esta minha irmã”
(Tb 7, 4-6).
Quais são os “irmãos de Jesus”
citados pelos
Evangelistas? São Marcos diz que, quando Nosso Senhor começou a pregar
na Sinagoga, vendo Sua sabedoria, o povo se perguntava: “Não é ele o
carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de
Simão? Não vivem aqui também entre nós suas irmãs?” (Mc 6, 3).
São Lucas esclarece que Tiago e Judas
eram filhos de
Alfeu ou Cleofas (6, 15-16). Portanto o eram também José e Simão. Mas
não Jesus, que sabemos que era filho de “José, o carpinteiro”. Portanto,
não poderiam ser irmãos carnais.
Por outro lado, São Mateus dá o nome
da mãe deles: “Entre
as quais estava … Maria, mãe de Tiago e de José” (Mt 27, 56).
Não se pode confundir esta Maria com
sua homônima, esposa
de José, o carpinteiro. São João deixa bem clara essa distinção: “Junto
à cruz de Jesus estava sua mãe e a irmã (prima) de sua Mãe, Maria,
mulher de Cleofas” (Jo 19, 25), cuja filha se chamava Maria Salomé. São
as bem conhecidas “três Marias”.
Aliás, atualmente os protestantes
mais cultos já nem
levantam mais essa objeção.
8 – E por que os católicos adoram
imagens, quando está formalmente proibido pelas Escrituras?
Os católicos não adoram imagens. Elas
são apenas
representações de Nosso Senhor, de Nossa Senhora, dos Anjos ou dos
Santos que nos ajudam a lembrar deles, a amá-los e invocá-los. É o mesmo
que acontece com as fotografias das pessoas que nos são caras: quando
nós gostamos de olhar para tais fotografias, é nas pessoas que elas
representam que estamos pensando, e não nas fotografias enquanto um
pedaço de papel.
Ademais, é preciso ler em seu
contexto, e não fora dele,
os textos da Bíblia, citados pelos protestantes. Assim, o texto por eles
citado vem precedido por uma frase que explica bem o sentido em que a
proibição de fazer estátuas deve ser compreendido:
“Não terás outros deuses diante de
minha face”. Quer
dizer, trata-se da proibição de fazer ídolos, pois os hebreus eram muito
inclinados, pelo exemplo dos povos pagãos vizinhos, à idolatria. Tendo
alertado de que se trata de “outros deuses” – portanto, ídolos –
continua Deus Nosso Senhor: “Não farás para ti escultura, nem figura
alguma do que está em cima, nos céus ou embaixo, sobre a terra, ou nas
águas, debaixo da terra”. Isso queria dizer que não se deviam fazer
estátuas simbolizando “deuses” de madeira ou de pedra, sob a forma de um
astro, de um pássaro, de um homem, de um animal, de uma planta ou de um
animal aquático como objetos de adoração.
Isso é fora de dúvida, pois Deus não
pode contradizer-Se a
Si próprio. No mesmo livro do Êxodo, cinco capítulos adiante, ordena a
Moisés que faça dois querubins de ouro, com as asas estendidas, para
cobrir o propiciatório da Arca da Aliança (Ex 25, 18). Adiante, no livro
dos Números, quando, para punir o povo hebreu que murmurava contra
Deus e Moisés, “o Senhor enviou contra o povo serpentes ardentes, que
morderam e mataram muitos”, como Moisés intercedesse pelo povo,
ordenou-lhe que fizesse uma serpente de bronze e a colocasse num lugar
visível e público para que todo aquele que olhasse para ela, não
morresse. Pelo que se tornou o símbolo da Cruz (Num 21, 5 a 9).
Mais uma vez – durante quase mil e
quinhentos anos, a não
ser alguns heresiarcas precursores de Lutero, os iconoclastas – houve a
veneração das imagens sem problemas. Pois já nas catacumbas, os
primeiros cristãos, perseguidos, para auxiliar sua fé tão posta à prova,
pintavam e esculpiam naqueles subterrâneos figuras representando Cristo
e Sua Mãe santíssima. O que mostra de passagem que o culto também à
Mãe de Deus é tão antigo quanto o próprio Cristianismo.
9
– Quero
uma prova, com base na Bíblia, do alegado poder do sacerdote de perdoar
os pecados. Por que não se confessar diretamente a Deus?.
A confissão é um dos mais sublimes
Sacramentos da Igreja!
Que outra religião pode conceder a uma alma amargurada pelo peso de
seus pecados, infidelidades, más ações, aquela paz e tranqüilidade de
consciência que só uma confissão bem feita pode dar?
Mas vamos aos textos bíblicos para
responder, com o Pe.
Júlio Maria, ao objetante protestante.
Que o homem peca, experimentamo-lo a
cada momento. O
próprio Espírito Santo diz, pela boca do escritor sagrado: “O justo peca
sete vezes por dia” (Pv 24, 16). E “não há homem que não peque” (Ecle
7, 21). São João é conseqüente: “Aquele que diz que não tem pecado, faz
Deus mentiroso” (1 Jo 1, 10).
Todo homem, pois, é pecador. Deus,
pelo contrário, não é
só santíssimo, mas a própria Santidade. Por isso nenhum homem pode ir a
Ele com seu pecado, como diz o Salmista: “Nesta porta do Senhor, só o
justo pode entrar” (Sl 117, 20); e o Apóstolo: “Os pecadores não
possuirão o reino dos céus”.
Como ficam então as coisas? Não é o
homem destinado ao
Céu? Tem que haver solução para esse impasse.
Mais uma vez o divino Espírito Santo,
falando pela boca
do escritor sagrado, adverte e dá a solução: “Aquele que esconde os seus
crimes, não será purificado; [mas] aquele que, pelo contrário, se
confessar e deixar seus crimes, alcançará a misericórdia” (Pv 28, 13).
O que é ainda enfatizado por São
João: “Se confessarmos
os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar e purificar-nos
de toda injustiça” (1 Jo, 8).
Está bem, dirá o protestante. Mas não
está dito que não
podemos nos confessar diretamente a Deus.
É evidente que Deus pode perdoar
diretamente os pecados,
como Nosso Senhor Jesus Cristo afirmou de Si mesmo em sua vida terrena:
“O Filho do homem, na Terra, tem o poder de perdoar os pecados” (Mt 9,
6). E vemos mesmo que “Jesus curou um paralítico e lhe disse: tem
confiança, os teus pecados te são perdoados” (Id., 2-7).
Ora, Nosso Senhor comunicou esse
privilégio a Seus
Apóstolos quando disse: “Assim como o Pai me enviou, eu vos envio a
vós”. Depois, soprando sobre eles, acrescentou: “Recebei o Espírito
Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; e
aqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (Jo, 20, 22-23).
Se, de um lado, Cristo Jesus deu aos
sacerdotes, pela
sucessão apostólica, o poder de perdoar os pecados, de outro impôs aos
pecadores o dever de confessá-los. Isso é de bom senso. Por isso São
Tiago diz explicitamente: “Confessai os vossos pecados uns aos outros, e
orai uns pelos outros, a fim de que sejais salvos” (5, 16). Ora, esse
“uns aos outros” quer dizer, os que não têm o poder de perdoar devem
confessar-se com quem o tem.
Para serem coerentes com o Evangelho
como alegam que o
são, os protestantes deveriam confessar-se uns com os outros, ou, pelo
menos, com seus pastores; por sua posição, seriam eles em tese os mais
discretos, e não passariam adiante o que ouvissem. Mas isso é quase
humanamente impossível sem haver a obrigação do sigilo sacramental, como
temos os sacerdotes católicos.
10 – O Papado é uma invenção de Roma
para subjugar as consciências timoratas. No início não havia diferença
entre o bispo de Roma e os demais bispos.
Vimos acima, em São Mateus 16, 16, a
profissão de fé de
São Pedro na divindade de Cristo Nosso Senhor. Eis o que respondeu-lhe
em seguida o Divino Mestre: “E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta
pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do reino dos Céus: tudo o
que ligares na terra, será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na
terra, será desligado nos Céus” (Mt 13, 18).
Que valor têm essas palavras de
Cristo Jesus? Ele mesmo
afirma: “Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra”. Por força desse
poder, ordenou Ele: “Ide, pois, ensinai todas as gentes, batizando-as em
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a observar
todas as coisas que vos mandei. Eu estarei convosco todos os dias, até a
consumação do mundo” (Mt 28, 18 a 20).
Para sermos breves, digamos com o Pe.
Leonel Franca: no
dia em que viesse a faltar o principado hieraráquico de Simão, a pedra
escolhida pelo Salvador, as portas do inferno teriam prevalecido. Sem
base, o edifício cairia em inevitável ruína.
Que o primado de Pedro foi
reconhecido desde o início da
Igreja, basta ler a farta documentação acumulada pelo Pe. Leonel Franca
em seu substancioso livro A Igreja, a Reforma e a Civilização, que
recomendamos aos leitores.
11 - Por que os católicos têm a
pretensão de só eles terem a verdadeira religião? Outros também não a
podem ter legitimamente?
Só há uma Religião verdadeira, como
diz São Paulo aos
Efésios: “Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo” (4,
5). Por outro lado, Cristo Jesus, quando concedeu o primado a Pedro,
disse-lhe: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”
(Mt 16, 18). Ressalta com muita propriedade o Pe. Júlio Maria que Ele
diz “a minha”, para mostrar que só a dEle é a verdadeira Igreja.
Uma Igreja, para ser verdadeira, deve
ter quatro
qualidades que a diferencie das não verdadeiras: deve ser una, santa,
católica e apostólica.
Una: deve sê-lo nos pontos essenciais
da fé, culto e em
sua constituição hierárquica.
Santa: tem que sê-lo em sua doutrina,
em seu culto, e em
muitos de seus membros.
Católica: tem que ser universal, como
diz a palavra,
devendo existir em todas as épocas, e estar difundida pelo mundo
inteiro.
Apostólica: deve ter origem nos
Apóstolos.
Perguntamos: que Igreja preenche
esses requisitos?
Vejamos, por exemplo, a religião
protestante.
Não forma uma Igreja una porque está
dividida em várias
“denominações” (há mais de mil seitas, e a cada dia estão surgindo
outras); ademais, não têm unidade de doutrina, nem de culto, nem de
governo.
Não é Santa, nem quanto a seus
fundadores, nem no tocante
a suas doutrinas, nem no referente a suas obras. Lutero foi um homem
violento e libidinoso, um sacrílego concubinatário, cheio de orgulho e
pretensão. Em sua doutrina, afirmou: “Crê firmemente, e peca sem
cuidado”, e que “tudo que vem da fé é tão falso, como é certo que Deus
existe” etc. É uma doutrina baseada na adulteração das Sagradas
Escrituras (só Lutero fez, o que é reconhecido mesmo por protestantes,
mais de 3 mil alterações na Bíblia) a seu bel prazer: pior ainda,
rejeitou muitas das coisas instituídas por Jesus Cristo.
Essa doutrina não produz a santidade
eminente entre seus
membros. O próprio Lutero renegou seus votos, inclusive o de celibato,
juntando-se sacrilegamente com uma ex-monja, que fez o mesmo. Henrique
VIII, fundador do anglicanismo, casou-se várias vezes, depois de mandar
decapitar duas de suas mulheres. Para ficarmos aqui. O próprio Lutero
disse de seus discípulos: “A maioria dos meus discípulos são uns
epicuros. Eles se chamam reformados: eu os chamo demônios encarnados …”.
Não é católica, isto é, universal,
pois, como uma só
confissão, não existe desde o princípio, nem está disseminada pelo mundo
inteiro. Suas igrejas são locais, regionais ou nacionais, não
existindo uma igreja universal.
Por fim, não é Apostólica, pois nasceu em 1518, fundada por um
padre apóstata,
desenvolveu-se mediante adulterações da doutrina dos Apóstolos, um
milênio e meio depois da era apostólica.
12 - Por que a Igreja proíbe os
católicos de lerem a Bíblia?
A Igreja não
proíbe. Apenas recomenda que ela seja lida com cuidado e só em versões
inteiramente fidedignas, para não se resvalar nesses erros
protestantes. O próprio São Pedro alerta os primeiros fiéis a
respeito da dificuldade de compreensão que há em algumas passagens de
São Paulo: “Reconhecei que a longa paciência de Nosso Senhor vos é
salutar, como também vosso caríssimo irmão Paulo vos escreveu, segundo o
dom de sabedoria que lhe foi dado. É o que ele faz em todas as suas
cartas, nas quais fala nestes assuntos. Nelas há algumas passagens
difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco
fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com
as demais Escrituras” ( 2 Ped 3, 15-16). E São Lucas, no Ato dos
Apóstolos, narra que o Apóstolo São Felipe foi alertado por um Anjo para
ir à estrada que desce de Jerusalém a Gaza. Nela viu passar um ministro
da rainha Candace, da Etiópia, lendo Isaías profeta. “[Felipe]
perguntou-lhe ‘Porventura entendes o que estás lendo?’ Respondeu-lhe [o
eunuco]: “Como é que posso, se não há alguém que mo explique?’. E rogou a
Felipe que subisse e se sentasse junto dele [para explicar-lhe o
sentido do que lia]” (Atos, 8, 26 a 31).
O próprio Nosso Senhor admoestou de
forma enérgica os
discípulos de Emaús por sua incapacidade de interpretar as Escrituras:
“Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes tudo
o que anunciaram os profetas!… E, começando por Moisés, percorrendo
todos os profetas, explicava-lhes o que dEle se achava dito em todas as
Escrituras” (Luc 24, 25 a 27).
Read more: http://www.rainhadosapostolos.com/2012/07/respostas-da-doutrina-catolica-algumas.html#ixzz20na6u700
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