Católico pode ser demolay?
19/03/2009 por Everth Queiroz Oliveira
Tenho certeza absoluta que não resta dúvidas sobre o parecer negativo da Igreja acerca das associações maçônicas em geral, como a própria Maçonaria e a Ordem DeMolay, esse ‘movimento’ que hoje arrasta jovens e milhares de adolescentes aos caminhos não-católicos e anti-cristãos.
Sabe-se que a ligação entre a Ordem DeMolay e a Maçonaria é muito estreita. “A Ordem DeMolay é uma organização filosófica e fraternal, para jovens – do sexo masculino – com idade compreendida entre os 12 e os 21 anos, fundada nos Estados Unidos dia 18 de Março de 1919 pelo Maçom Frank Sherman Land. É patrocinada e apoiada pela Maçonaria, oficialmente desde 1921, que na maioria dos casos cede o espaço de seu templo para as reuniões dos ‘Capítulos’, denominação da célula da organização” (via Wikipédia). Ambas, apesar de nomes diferentes, expressam, sem dúvida, a mesma finalidade. Logo, tratemos da Ordem DeMolay da mesma maneira que a Maçonaria.
É preciso deixar claro que a Igreja, em uma linha constante de fidelidade ao Magistério confiado a ela por Jesus Cristo, sempre afirmou e reafirmou o caráter anti-católico da Maçonaria. Afirmou também que aqueles que pertencem à Franco-Maçonaria não podem sequer se aproximar da Sagrada Comunhão. Isso fica claro no documento que a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé publicou sobre as associações maçônicas em geral. E aqui é importante lembrar: a Igreja condena não só a maçonaria em si, mas todas as suas associações.
“Permanece, portanto, imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçônicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja e por isso permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem às associações maçônicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão.”
(Congregação para a Doutrina da Fé, Declaração sobre a Maçonaria, 26 de novembro de 1983)
Essa declaração foi escrita pelo atual Papa Bento XVI e mostra que a Igreja nunca mudou a sua opinião e seu modo de ver sobre as associações maçônicas. O Santo Padre afirma que, já que os seus princípios são incompatíveis com a Igreja, a maçonaria é uma HERESIA e isso leva o Padre a afirmar o caráter imoral das associações maçônicas e, como consequência, a impossibilidade do paralelo entre comunhão e maçonaria.
“Não compete às autoridades eclesiásticas locais pronunciarem-se sobre a natureza das associações maçônicas com um juízo que implique derrogação de quanto foi acima estabelecido (…).”
(Cong. para a Doutrina da Fé, Declaração sobre a Maçonaria, 26/11/83)
Agora o Santo Padre diz que quem quer que apareça, seja autoridade eclesiástica, como padre ou bispo, contradizendo aquilo que foi afirmado pelo Cardeal Ratzinger nessa declaração, não está de acordo com a Santa Igreja. Isso significa afirmar que não podemos nos deixar levar por qualquer opinião, mas pela da Igreja, do Papa, enfim, do Magistério infalível da Santa Sé.
Se fosse somente essa declaração da Igreja que mostrasse o que ela pensa sobre a maçonaria, seria menos pior… Mas, o Papa Leão XIII escreveu uma Encíclica chamada Humanum Genus mostrando a infâmia presente em todas as formas de maçonaria. E essa encíclica já está aqui no blog, dividida em quatro partes, cujas composições estão citadas na postagem Dossiê completo sobre a maçonaria.
Agora, vamos fazer uma análise mais minuciosa sobre o que prega e o que ensina a Ordem DeMolay aos seus integrantes. Em primeiro lugar, sabe-se que quem participa das associações maçônicas (e delas não se exclui o DeMolay) são, na sua maioria, pessoas que possuem alta influência na sociedade (alta influência não significa somente boa posição sócio-econômica). Isso nos leva a refletir porque são apenas pessoas influentes que se destacam no meio demolay. Então, descobrimos que as pessoas só entram na Ordem DeMolay se passarem por processos ‘seletivos’. Será que aquelas ideologias pregadas por Jesus de igualdade, de idéias como “Deus não faz distinção de pessoas” (At 10, 35), são condizentes com o que vemos nesses tais ‘processos seletivos’? Jesus, aquele que veio buscar o que estava perdido (cf. Lc 19, 10), vai fazer discriminação de pessoas? Será que é assim mesmo que vamos alcançar um mundo mais fraterno, onde se encontre justiça social e amor irmão?
Depois, começa as contradições com o âmbito católico de se pensar: segundo os demolays, existem sete virtudes cardeais. Mas, no Catecismo da Igreja Católica, vemos que as virtudes cardeais são QUATRO e não SETE. Para os demolays, tais virtudes são amor filial, reverência pelas Coisas Sagradas, cortesia, companheirismo, fidelidade, pureza e patriotismo. Mas, para o catolicismo, essas virtudes são prudência, justiça, fortaleza e temperança. Alguma relação com o que são as virtudes maçônicas? Nenhuma! É quase como uma imposição para se desprezar a doutrina e os ensinamentos católicos.
As reuniões da Ordem DeMolay são feitas somente entre os seus integrantes e é restrita ao acesso de outrem, assim como as coisas que lá eles discutem não podem ser contadas a ninguém. Se observamos o caráter secretista da maçonaria e vemos a maneira como age a Ordem DeMolay, concluímos que eles agem escondido, de maneira secreta (E não venham dizer que não é secreto porque, de certo modo, é sim. Pergunte para um demolay o que ele faz nas suas reuniões. Ele não pode te contar). Isso deixa em nós a indagação sobre aquela frase célebre de Jesus: “O que vos digo na escuridão, dizei-o às claras. O que vos é dito ao ouvido, publicai-o de cima dos telhados” (Mt 10, 27).
Esses pequenos questionamentos nos mostram algumas contradições entre os princípios da Maçonaria e os da Igreja Católica. Desde o século XVIII a Igreja condena essas associações e há uma claríssima oposição entre elas e a doutrina da Santa Sé. Existem muitos outros pontos que deveriam ser considerados, mas o farei em outra ocasião. A questão é que o que se esconde por trás da Ordem DeMolay é infelizmente um espírito de desobediência e transgressão. E nós não podemos aceitar que tudo isso se infiltre na mentalidade e no coração dos nossos jovens católicos. Por esses e outros motivos um católico autêntico não pode ser verdadeiro demolay.
Aí você me pergunta se sou inimigo dos maçons. Mas, “tornei-me, acaso, vosso inimigo porque vos disse a verdade?” (Gl 4, 16). Não, de maneira alguma, apenas estou cumprindo a palavra que diz: “não tenhais cumplicidade nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, condenai-as abertamente” (Ef 5, 11).
Graça e paz.